Capítulo 3
Antonio Flavio Dias Avila
Fernando Luis Garagorry
Claudio Costa Cardoso
A evolução da produtividade agrícola no Brasil tem sido analisada de várias maneiras, tanto por meio de índices parciais de produtividade (rendimento por hectare de um determinado produto, por exemplo), quanto por índices mais completos, em que se busca calcular a produtividade incluindo todos ou a maioria dos insumos e dos produtos agrícolas.
A produtividade total tem sido medida pelo chamado índice de produtividade total dos fatores (PTF) (AVILA; EVENSON, 1995; AVILA et al., 2009; GASQUES; CONCEIÇÃO, 2001; GASQUES et al., 2004, 2010), geralmente baseado no índice Tornqvist-Theil, ou, então, pelos modelos de fronteira estocástica, no qual a produtividade é medida pelo índice de Malmquist (PEREIRA et al., 2002; RADA; VALDES, 2012).
Neste estudo, a produtividade da agricultura brasileira é analisada com base na evolução do PTF, por meio do índice de Tornqvist-Theil, calculado com base em dados dos censos agropecuários de 1975, 1985, 1995–1996 e 2006, obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Neste estudo, tais dados foram analisados por microrregião, e agregados sob as mais diversas formas – Brasil, regiões, ecossistemas, macrozonas agroecológicas e zonas agroecológicas. No caso dos ecossistemas, das zonas e das macrozonas, usou-se, para agregação, a classificação desenvolvida pela Embrapa Solos.
A motivação para a realização desse novo estudo deve-se ao fato de que, nos últimos anos, têm sido publicados vários trabalhos sobre o tema no Brasil (GASQUES et al., 2010; PEREIRA et al., 2002; RADA; VALDES, 2012), sem, entretanto, cobrirem os níveis de agregação que foram tratados em estudos anteriores, desenvolvidos em parceria com o prof. Robert Evenson, da Universidade de Yale (AVILA; EVENSON, 1995; AVILA et al., 2009). Nesse caso, refere-se aqui às análises dos índices de produtividade total por zona agroecológica, ecossistema e bioma, análises que são extremamente relevantes nos dias atuais, dado o avanço da agricultura brasileira para o Centro-Oeste e o Norte do País.
Considerando o contexto em que se insere a agricultura brasileira no âmbito internacional, sobretudo suas relações de intercâmbio comercial e de cooperação com países da América Latina, foi preciso comparar os índices de produtividade parcial e total obtidos com aqueles estimados na região.
No trabalho, é também feita uma análise dos principais determinantes do crescimento dos índices de produtividade total, na busca de uma melhor qualificação do papel da pesquisa agropecuária em tal processo, tanto da Embrapa quanto das organizações estaduais de pesquisa agropecuária. Espera-se, com isso, sejam obtidos resultados que permitam oferecer melhores subsídios para orientar a política de pesquisa agropecuária para os próximos anos, sobretudo nos contextos regional e estadual.
Ante de tratar especificamente das questões relativas ao índice de produtividade total, cabe apresentar alguns indicadores para mostrar os últimos avanços na produção agrícola brasileira, tanto em relação a outros países da América Latina e Caribe, quanto internamente, por região fisiográfica. Também é necessário destacar alguns indicadores relativos sobre o uso dos principais insumos agrícolas. Nesse contexto, são apresentados, a seguir, uma série de índices parciais de produtividades e de uso de insumos, relacionados ao tema.
Nas últimas décadas, houve um crescimento substancial da produção agrícola nacional, sobretudo a partir da incorporação do Cerrado. Como mostrado na Figura 1, tal incremento de produção no período 1976–2012 foi devido, basicamente, ao crescimento da produtividade. Os dados abaixo se referem ao total dos principais grãos e fibras produzidos no Brasil: algodão, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale.
Figura 1. Evolução da produção, da área e da produtividade da agricultura brasileira. Período 1976–2012.
Fonte: Conab (2013).
O crescimento da produção agrícola no período ocorreu em todas as regiões e estados do Brasil, mas com destaque para os estados da região Centro-Oeste, mais o Estado de Rondônia, na agricultura, dada a incorporação do Cerrado. Já no caso da pecuária, destacaram-se os estados da região Norte (Rondônia, Pará e Acre), do Centro-Oeste (Mato Grosso e Distrito Federal) e o Estado de Santa Catarina.
Antes de dar início a uma ánalise do crescimento da produção em comparação com o crescimento no uso de insumos, internamente, há de se comparar essas taxas de crescimento com aquelas obtidas por outros países.
Nesse contexto, cabe uma comparação desse crescimento com o de países da América Latina, agrupados segundo as suas sub-regiões: Cone Sul, Região Andina e América Central, o que é mostrado abaixo.
Verifica-se que as taxas obtidas pelo Brasil foram bem superiores às da América Latina e às de suas sub-regiões, em especial aquelas do Cone Sul, onde se localiza o País. A região do Caribe não foi incluída na análise por ser uma região atípica para a agricultura, e, portanto, conhecida por seus baixos índices de crescimento na área agrícola, apresentando, inclusive, resultados negativos em determinados períodos.
A Figura 2 apresenta as taxas de crescimento do Brasil de 1976 a 2010, desagregando para os dois setores principais – agricultura e pecuária –, segundo dados da FAO (2012)1.
Figura 2. Taxas de crescimento da produção agrícola no Brasil e na América Latina, no período 1976–2010.
Fonte: FAO (2012).
O bom desempenho do Brasil reflete-se também na comparação com os países de sua sub-região, o Cone Sul da América Latina, nos últimos 20 anos, mostrando um crescimento alto e estável do País, relativamente aos demais países (Tabela 1).
Tabela 1. Evolução dos índices de produção agrícola (agregada) dos países do Cone Sul da América Latina.
País |
Evolução dos índices de produção agrícola (%) |
||||
1991–1995 |
1996–2000 |
2001–2005 |
2006–2010 |
Média |
|
Argentina |
2,95 |
3,63 |
4,37 |
0,40 |
2,84 |
Brasil |
4,38 |
3,91 |
5,29 |
3,76 |
4,33 |
Chile |
5,52 |
1,07 |
2,61 |
0,37 |
2,39 |
Paraguai |
1,68 |
1,86 |
2,96 |
5,25 |
2,94 |
Uruguai |
3,96 |
0,52 |
8,88 |
2,05 |
3,85 |
Média |
3,70 |
2,20 |
4,82 |
2,36 |
3,27 |
Fonte: FAO (2012).
Cabe remarcar as excelentes taxa de crescimento da produção agrícola agregada no Uruguai e no Paraguai, na última década, embora apresentem comportamento bastante irregular ao longo de todo o período de análise. No Uruguai, esse crescimento no período 2001–2005 foi devido, em grande parte, ao aumento da produção animal, enquanto, no Paraguai, o bom desempenho nos últimos 5 anos deveu-se à agricultura.
Em resumo, os dados mostrados evidenciam, mais uma vez, o grande salto da agricultura brasileira nas últimas décadas, inclusive os relativos às diversas regiões da América Latina e, em particular, os referentes aos seus vizinhos.
O trabalho, a seguir, analisa esse crescimento sob a ótica do índice de produtividade total, no mesmo período, e também sob vários ângulos: agregado, por setor (agricultura e pecuária), por região fisiográfica e unidades da Federação, e por ecossistemas e zonas agroecológicas. Essa análise, mais completa do que a anterior, baseada em índices parciais, abrangerá, também, uma comparação dos índices totais de produtividade agrícola do Brasil com os índices dos demais países e sub-regiões da América Latina.
Para estimar e analisar a evolução da produtividade da agricultura brasileira, foi usado o índice de produtividade total dos fatores (PTF). Para calcular tal índice, foi usado o conceito de contabilidade de custos, o qual permite a definição de uma mudança no PTF, do período t-1 para o período t. Portanto, mudanças de período para período serão utilizadas para derivar um índice encadeado para medir o crescimento da produtividade durante um período mais longo.
Se não existirem lucros extraordinários e os retornos a todos os fatores forem devidamente medidos, o valor total dos produtos será igual ao valor total dos insumos utilizados na produção, conforme Equação 1:
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(1) |
em que Pi e Qi representam os preços de saída e a quantidade de matérias-primas i = 1, 2, ..., n; e Rj e Ij representam os preços dos insumos e a quantidade de insumos j = 1, 2, ..., m, respectivamente.
A Equação 1 não impõe estrita eficiência para todos os agricultores. Ela baseia-se numa condição de contabilidade que existe num setor competitivo.
Diferenciando a Equação 1 com respeito ao tempo, obtém-se a Equação 2.
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(2) |
Para pequenas mudanças, a Equação 2 expressa a relação entre mudanças nos preços e quantidade de produtos e preços e quantidade de insumos. Como demonstrado por Avila e Evenson (1995), com base na Equação 2, é possível derivar a “Tornqvist-Theil”, índice de produtos e índice de insumos, e o índice de produtividade total (PTF) para vários períodos (Equação 3):
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(3) |
em que S e C representam as participações percentuais no valor total da produção e dos custos, respectivamente, e as taxas de crescimento no PTF; e Q e I são expressos como o logaritmo da relação entre a quantidade de produtos e a de insumos entre os períodos analisados.
Foram construídos índices PTF com base em dados dos censos agropecuários de 1975, 1985, 1995 e 2006. Portanto, o índice Tornqvist-Theil foi calculado para três períodos intercensitários: 1985–1975, 1995–1985 e 2006–1995. Esses foram, posteriormente, normalizados para um índice = 100, usando-se a média do período 1975–1985.
A seguir, são especificados os produtos usados na construção dos índices de produtos, bem como são descritos os insumos usados na montagem dos índices de insumos, para os três períodos intercensitários.
O índice de produção incluiu 184 produtos: 36 culturas temporárias, 38 culturas permanentes, 42 hortaliças, 25 produtos florestais, 21 produtos agroindustriais rurais e 21 produtos animais.
Abaixo, estão relacionados todos os produtos usados segundo os grupos acima referidos.
Abacaxi, abóbora, cana-de-açúcar, alho, arroz, aveia, algodão herbáceo, amendoim, batata-inglesa, cana forrageira, cebola, cevada, fava, feijão em grão, feijão-verde, fumo, girassol, juta, mamona, melancia, melão, mandioca, milho em grão, milho-verde, milho forrageiro, malva, mudas, soja, sorgo em grão, sorgo forrageiro, sementes, tomate e trigo.
Abacate, agave, sisal, açaí, ameixa, amora, algodão arbóreo, banana, borracha coagulada, borracha líquida, café, cacau, fruto do caju, castanha-de-caju, caqui, chá-da-índia, coco, cravo-da-índia, dendê, erva-mate, figo, goiaba, uva, guaraná, jaca, laranja, lima, limão, mamão, manga, maracujá, maçã, mudas, nêspera, pimenta-do-reino, pêssego, tangerina e urucum.
Abobrinha-verde, acelga, agrião, alcachofra, alface, alho-poró, almeirão, aspargo, batata-doce, berinjela, beterraba, bertalha, brócolis, cebolinha, cenoura, chicória, chuchu, coentro, cogumelos, couve, couve-flor, erva-doce, espinafre, gengibre, hortelã, inhame, jiló, maxixe, morango, mostarda, mudas, nabo, pepino, pimenta, pimentão, quiabo, rabanete, repolho, rúcula, salsa, sementes e vagem.
Açaí, babaçu, borracha coagulada, borracha líquida, cera de carnaúba, carnaúba em pó, castanha-do-pará, carvão vegetal, cupuaçu, erva-mate, lenha, madeira, papel, palmito, piaçava, pinhão, casca de acácia, lenha, madeira, papel e mudas.
Aguardente de cana, arroz beneficiado, carne beneficiada, café beneficiado, couros e peles, creme de leite, geleias, embutidos, farinha de mandioca, fubá, fumo em rolo, goma de taioca, licores, manteiga, melado, polpa de frutas, queijos e requeijão, rapadura, sucos, vinho e óleos vegetais.
Bovinos, suínos, frangos, pintos, equinos, muares, bubalinos, suínos, ovinos, caprinos, mel, cera de abelha, bicho-da-seda, leite de vaca, leite de cabra, leite de búfala, ovos de galinha, ovos de outras aves e lã.
O índice de insumos foi construído utilizando os seguintes fatores de produção agrícola: a) para as culturas – área cultivada, mão de obra (familiar, permanente e temporária), máquinas, fertilizantes, produtos químicos, sementes, energia elétrica e combustíveis; e b) para a pecuária – pastagens natural e artificial, mão de obra (familiar, permanente e temporária), tratores, fertilizantes, produtos químicos, medicamentos e alimentação animal. Em ambos os casos, os preços utilizados foram baseados nas despesas coletadas em cada censo agropecuário, ou, então, nos preços de fontes secundárias (Fundação Getúlio Vargas, em especial).
Foram também estimados os índices de produtividade total para a agricultura e para a produção animal. Na montagem do índice de produção para a agricultura, foram consideradas as culturas temporárias e as permanentes, as hortaliças e os produtos florestais (extrativismo e silvicultura), além dos produtos agroindustriais rurais, originários de produtos vegetais. Já para o índice de produção animal, foram considerados os produtos animais e os produtos da agroindústria rural, oriundos de produtos animais.
Do ponto de vista dos insumos, a divisão em agricultura e pecuária foi feita com base na distribuição de tais insumos por atividade econômica, de acordo com a classificação do IBGE de atividade econômica, e observando o descrito abaixo para cada um dos insumos.
O índice de insumos foi calculado com base nos dados dos censos agropecuários do Brasil de 4 anos, com intervalos de 10 anos (1975, 1985, 1995–1996 e 2006) e agrupados por microrregião. Além disso, foram usados dados de fontes secundárias, em especial a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em âmbito de estado. Na ausência de preços estaduais de algum insumo, usou-se o preço do estado vizinho.
O índice de insumos foi calculado para o agregado e para os dois grandes grupos de atividade econômica – agricultura e pecuária. Como, no índice de produção, não foram incluídas as atividades de pesca e piscicultura, no índice de insumos foram descontados os gastos usados em tais atividades. Tal metodologia de cálculo é a mesma adotada por Avila e Evenson (1995) e repetida em Avila et al. (2010), quando foram estimados os índices de produtividade total da agricultura brasileira, usando dados dos censos agropecuários de 1970 a 1995.
A cobertura dos censos agropecuários mudou ao longo do tempo, assim como as definições e as unidades de medida dos itens coletados. Em geral, a quantidade de informação fornecida sobre os insumos usados nos estabelecimentos agrícolas tem aumentado a cada censo agropecuário, especialmente no período compreendido entre 1995–1996 e 2006.
Em termos de confiança na precisão dos dados dos censos para fins de cálculo dos índices de insumos, a maior preocupação centrou-se no valor das despesas. Quando tomados em conjunto com as quantidades consumidas, os preços imputados variaram enormemente. Em consequência disso, foi evitada, tanto quanto possível, a utilização dos valores dos censos e dos dados de despesas. Em seu lugar, para calcular os gastos com insumos, foram utilizados, para os estados, os preços recolhidos pela FGV.
No caso de sementes, rações, medicamentos, fertilizantes, defensivos, combustíveis e eletricidade, os dados de despesa dos censos foram usados em conjunto com os dados de preços de tais insumos, para calcular a quantidade de insumos. Em virtude da natureza incompleta dos dados, somada a outros problemas descritos acima, foram usadas algumas opções para gerar proxies, baseadas em dados disponíveis nos censos e em outras fontes, conforme já usado por Avila e Evenson (1995).
A seguir, é explicado como foi calculado cada um dos insumos usados na formação do índice de insumos.
Os censos agropecuários do IBGE informam o número de trabalhadores familiares, de trabalhadores permanentes e de trabalhadores temporários em cada microrregião. No caso dos trabalhadores familiares, adotou-se o mesmo critério usado por Avila e Evenson (1995), em que se admitiu que apenas 2/3 desses trabalhadores familiares atuam em atividades agrícolas e pecuárias, sobretudo por questão de idade. Para os trabalhadores temporários, usou-se a mesma relação de 2/3, supondo, porém, que eles trabalham cerca de 4 meses por ano.
Para o cálculo das despesas com cada classe, usou-se a quantidade de trabalhadores permanentes, familiares e temporários informada pelo censo, com os ajustes acima explicados, multiplicados pelo valor mensal dos salários de trabalhadores agrícolas, por estado, segundo dados da FGV (2012).
Quanto à porcentagem de cada uma das classes de trabalhadores envolvidos com as duas grandes atividades – agricultura e pecuária –, usou-se, como base, a distribuição da mão de obra em tais atividades, disponível no âmbito estadual, também obtida nos censos agropecuários do IBGE. Admitiu-se que a distribuição por estado repete-se em todas as microrregiões.
Os tratores aparecem no censo em categorias diversas de potência (HP), sendo que, em 2006, tais tratores foram classificados em mais de 110 e em menos de 110 cavalos de potência (HP). No estudo, foi usado o total de tratores, sem a ponderação por classes, conforme já usado por Gasques et al. (2010).
Os gastos com tratores foram calculados multiplicando-se a quantidade de tratores por 1/3 do valor médio de tratores de 75-85HP. Usou-se 1/3 do valor de tais tratores como uma proxy para representar os gastos com custos operacionais e depreciação de tratores, máquinas e implementos agrícolas usados nos estabelecimentos. Tal procedimento foi baseado em cálculo similar, empregado por Avila e Evenson (1995), que usaram o valor integral de tratores para representar tais gastos. Neste estudo, adaptou-se o mesmo procedimento, mas usando-se 1/3 do valor médio de tratores, em virtude de que novos insumos foram acrescentrados na construção do índice de insumos (como eletricidade, combustíveis e sementes), além de melhorias no cálculo dos demais insumos, em comparação com o estudo anterior.
Os preços médios de tratores de 75 HP para cada estado foram estimados com base nos preços de São Paulo, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (2012), e adotando-se a mesma variação entre estados, quanto aos preços de fertilizantes, critério já adotado por Avila e Evenson (1995).
A porcentagem de tratores usados em agricultura e pecuária foi baseada na distribuição de uso de tais tratores por estado, segundo os próprios censos agropecuários, por grupo de atividade econômica.
O insumo terra foi usado no estudo como a soma de hectares de terra em uso nos estabelecimentos, ou seja, as áreas com culturas permanentes, temporárias e produtivas não utilizadas, as áreas com pastagens naturais e plantadas, e as áreas com florestas naturais e plantadas. A distribuição entre produção agrícola e produção animal foi feita tomando-se, para a produção animal, as áreas com pastagens e as demais áreas alocadas para agricultura, incluindo a produção florestal.
As despesas foram calculadas com base no valor do arrendamento por hectare, de lavouras e de campo, obtido da FGV para cada unidade da Federação, multiplicado pelo número de hectare em cada categoria, por microrrregião. No caso de florestas, adaptou-se o procedimento adotado por Gasques et al. (2010), que, na falta de dados para arrendamento de matas, usaram como proxy o preço do arrendamento de campos da FGV. No caso, usou-se, para florestas, não o total do preço por hectare do arrendamento de campos da FGV, utilizado por tais autores, mas 50% de tal preço, por tal percentual ser considerado mais compatível com a realidade.
A quantidade de fertilizantes aplicada em cada estabelecimento e, por consequência, por microrregião, não é dada nos censos agropecuários, mas apenas os gastos com fertilizantes. Assim, para obter a quantidade usada, usou-se o preço médio dos fertilizantes mais usados por estado; no caso, superofosfato simples e sulfato de amônia, segundo dados da FGV.
Já a distribuição da quantidade consumida entre a produção agrícola e a produção animal, essa foi feita com base na distribuição percentual das despesas com fertilizantes por estado, para cada censo agropecuário, por atividade econômica.
A quantidade de herbicidas, pesticidas, etc., usada nos estabelecimentos agrícolas também não é dada nos censos agropecuários; neles, são registradas apenas as despesas com produtos químicos para cada microrregião. Para estimar a quantidade, usou-se, então, o mesmo procedimento utilizado para os fertilizantes, ou seja, dividindo-se as despesas pelo preço de um dos defensivos de uso mais comum (mancozebe, no caso), como proxy e disponível para os anos em que foram realizados os quatro censos.
A distribuição das quantidades usadas de defensivos entre a produção agrícola e a pecuária foi feita com base na distribuição percentual das despesas com tal insumo, por estado, para cada censo agropecuário, por atividade econômica.
Os preços dos defensivos para cada estado foram estimados com base nos preços de São Paulo, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (2012), e pressupondo a mesma variação entre estados, dos preços de fertilizantes, procedimento já adotado por Avila e Evenon (1995).
A quantidade de alimentos dada aos animais também não é dada nos censos, mas apenas as despesas com alimentação para cada microrregião. Então, para calcular a quantidade, usou-se, como proxy, o preço médio das rações de crescimento para frangos e para suínos, para cada estado.
A quantidade e os gastos com ração foram usados apenas no cálculo do índice de insumos para a produção animal.
Os preços de ração para cada estado foram estimados com base nos preços de São Paulo, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (2012), e pressupondo a mesma variação, entre estados, dos preços de fertilizantes (AVILA; EVENSON, 1995).
A quantidade de vacinas usada na produção animal também não é fornecida nos censos agropecuários, mas apenas os gastos com medicamentos. Assim, a quantidade foi calculada usando-se, como proxy, uma vacina de uso comum na criação de bovinos, no caso, a vacina contra a febre aftosa.
Os preços de vacinas para cada estado foram estimados com base nos preços de São Paulo, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (2012), e pressupondo-se a mesma variação, entre estados, dos preços de fertilizantes, conforme usada por Avila e Evenson (1995).
A quantidade consumida e as despesas com eletricidade são dadas nos censos agropecuários, exceto no primeiro dos censos agropecuários usados neste estudo, ou seja, o de 1975. Usaram-se tais dados na construção do índice de insumos.
A distribuição da quantidade usada de energia elétrica entre a produção agrícola e a produção animal foi feita com base na distribuição percentual das despesas com tal insumo, por estado, para cada censo agropecuário, por atividade econômica.
A quantidade e as despesas com combustíveis (óleo diesel, gasolina, álcool e carvão) são dadas nos censos agropecuários. Tais dados foram usados na construção do índice de insumos.
A distribuição da quantidade usada de combustíveis entre a produção agrícola e a produção animal foi feita com base na distribuição percentual das despesas com tal insumo, por estado, por atividade econômica, para cada censo agropecuário.
A quantidade de sementes usada nos estabelecimentos agrícolas também não é fornecida nos censos, mas apenas os gastos com tal insumo. Assim, a quantidade foi calculada usando-se o preço médio das sementes de soja, milho, feijão, arroz e algodão.
Os preços de sementes para cada estado foram estimados com base nos preços de São Paulo, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (2012), e pressupondo a mesma variação entre estados, dos preços de fertilizantes (AVILA; EVENSON, 1995).
A taxa anual de crescimento do PTF agricultura brasileira no período 1975–2006 foi de 2,16% ao ano, no nível agregado, enquanto, para a agricultura, a taxa foi de 2,03%, e, para a pecuária, de 2,25%, conforme mostrado na Tabela 2. Nessa tabela são também apresentados os índices estimados para cada uma das cinco regiões brasileiras – Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Tabela 2. Índices de produtividade total da agricultura brasileira no período 1975–2006.
Região |
Setor |
Índice de produtividade total |
||
1975 |
2006 |
Taxa de crescimento anual (%) |
||
Norte |
Agricultura |
107,87 |
131,20 |
0,63 |
Pecuária |
81,78 |
296,05 |
4,24 |
|
Agregado |
102,10 |
149,05 |
1,23 |
|
Nordeste |
Agricultura |
85,29 |
182,52 |
2,48 |
Pecuária |
100,73 |
164,16 |
1,59 |
|
Agregado |
89,89 |
176,34 |
2,20 |
|
Sudeste |
Agricultura |
78,19 |
170,20 |
2,54 |
Pecuária |
95,95 |
172,30 |
1,91 |
|
Agregado |
81,60 |
184,51 |
2,67 |
|
Sul |
Agricultura |
88,82 |
145,20 |
1,60 |
Pecuária |
98,31 |
226,91 |
2,74 |
|
Agregado |
90,28 |
174,11 |
2,14 |
|
Centro-Oeste |
Agricultura |
76,59 |
142,80 |
2,03 |
Pecuária |
90,82 |
208,90 |
2,72 |
|
Agregado |
81,86 |
192,75 |
2,80 |
|
Brasil |
Agricultura |
85,18 |
158,69 |
2,03 |
Pecuária |
95,84 |
191,20 |
2,25 |
|
Agregado |
88,22 |
171,09 |
2,16 |
Fonte: microdados fornecidos pelo IBGE em 2012.
Os resultados por região mostraram que o Centro-Oeste registrou o maior ritmo de crescimento do PTF agrícola. Essa é precisamente a região onde a área com pastagens foi incorporada à produção nas duas últimas décadas. Nessa região, o estado com a melhor taxa de crescimento do PTF agrícola foi Mato Grosso (9,8%), o que já era esperado, seguido do Distrito Federal e do Espírito Santo2.
Na Tabela 2, observa-se também que as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste apresentaram um bom desempenho em termos de produtividade na agricultura. Isso foi devido tanto à expansão da fronteira agrícola para Goiás e Mato Grosso, no Centro-Oeste, e para o Maranhão, o Piauí e a Bahia, quanto aos avanços tecnológicos das culturas dos estados da região Sudeste, principalmente em Minas Gerais e no Espírito Santo, onde o índice do PTF para as culturas cresceu anualmente 3,1% e 5,3%, respectivamente, nos últimos 30 anos.
Da mesma forma, na região, a taxa de crescimento da produtividade agrícola foi a mais baixa (0,63%), resultado também esperado, já que não é uma região apropriada para agricultura, exceto em certas zonas bem delimitadas. Em tal região, apenas o Estado de Rondônia apresentou uma alta taxa de crescimento da produtividade da produção agrícola; os estados do Amazonas e do Amapá ficaram com taxas próximas de zero ou mesmo negativas.
Para a produção animal, o melhor desempenho foi apresentado pela região Norte, o que confirma a expansão dessa atividade na Região Amazônica, com base na pecuária extensiva (4,41% ao ano). Os estados do Pará, de Rondônia e do Amazonas apresentaram taxas de crescimento médio da produtividade total em pecuária, no período 1975–2006, da ordem de 3% ao ano (Anexo 1).
Outras duas regiões brasileiras, o Sul e o Centro-Oeste, também apresentaram significativos incrementos na produtividade na pecuária (2,7%), o que é consistente com a elevada taxa de crescimento da produção de aves e suínos no Sul, e da criação de gado no Centro-Oeste, observada nas últimas décadas.
Os ganhos de produtividade mostrados, inclusive as diferenças regionais evidenciadas, para o período 1975–2006 condizem com aqueles que têm sido mostrados tanto no balanço social da Embrapa quanto nos seus relatórios anuais. Isso é mais uma sinalização de que os ganhos recentes de produtividade estão associados a uma maior adoção de inovações tecnológicas, seja da Embrapa, seja de seus parceiros.
Para uma melhor visualização desses resultados, na Figura 3 são mostradas as taxas regionais de crescimento do índice de produtividade total da agricultura e da pecuária no período 1975–2006.
Figura 3. Taxas regionais de crescimento do índice de produtividade total.
Fonte: microdados fornecidos pelo IBGE em 2012.
As taxas de crescimento do setor agrícola também foram estimadas usando as macrozonas agroecológicas estabelecidas pela Embrapa Solos, em 1993, com base na vegetação, no relevo, na drenagem, na textura e na fertilidade do solo de cada município brasileiro (Figura 4).
Figura 4. Macrozonas agroecológicas do Brasil.
Fonte: Embrapa (1993).
Essas zonas agroecológicas representam, grosso modo, as quatro regiões principais onde se distribuem espacialmente a agricultura e a pecuária no território brasileiro, especialmente durante os anos 1970 e 1980 – culturas temporárias e permanentes (amarelo), extrativismo (marrom), pecuária (vermelho) e preservação (verde) (Figura 4). Os resultados das estimativas dos PTFs para cada uma dessas macrozonas confirmam a grande expansão e o forte deslocamento da produção agrícola e pecuária para tais áreas, antes praticamente inexploradas ou, então, subexploradas, como era o caso da região Centro-Oeste do Brasil, predominantemente amarela, onde se localiza grande parte da chamada região do Cerrado.
Durante o período 1985–2006, as taxas de crescimento do PTF da agricultura cresceram 2,74% e 3,15% nas macrozonas de extrativismo e de pecuária, respectivamente, enquanto a TFP para a produção animal cresceu a 4,66% e 2,75% ao ano nas zonas macroagroecológicas classificadas como de extrativismo e preservação.
Essa expansão recente da agricultura brasileira para as zonas de preservação e extrativismo (amarela e marrom, respectivamente) tem causado problemas ambientais em determinadas áreas, como erosão, compactação e degradação de pastagens.
Nos últimos anos, esse processo vem sendo minimizado pelos agricultores graças ao uso de inovações tecnológicas introduzidas por organismos de pesquisa agrícola, como plantio direto/cultivo mínimo, manejo integrado de pragas, variedades tropicais, fixação biológica de nitrogênio, zoneamento agroclimático, integração lavoura-pecuária-floresta, entre outras. Associado a isso, os agricultores, especialmente os localizados nas regiões do Cerrado e da Amazônia, têm buscado melhorar a gestão dos recursos naturais em seus estabelecimentos (água e resíduos, por exemplo).
O governo também está atuando para minimizar os problemas ambientais causados pela agricultura comercial e pela pecuária, sobretudo naquelas regiões em que tais atividades entraram sem um devido zoneamento. Um típico exemplo desse caso são as pastagens degradadas que cobrem hoje uma extensa área da Amazônia, resultantes da entrada indiscriminada da pecuária em solos impróprios para tal uso.
A outra análise do PTF envolveu os ecossistemas brasileiros, e teve por base as zonas agroecológicas estabelecidas pela Embrapa Solos em 1993. Em tal análise, foram estimados os índices de produtividade para sete ecossistemas: Floresta Equatorial, Cerrado, Caatinga, Floresta Tropical, Pantanal, Campo e Pampa. A Figura 5 apresenta as taxas de crescimento do PTF agregadas para esses ecossistemas brasileiros, durante o período 1975–2006.
Figura 5. Taxas de crescimento do índice de produtividade total por ecossistema e por atividade econômica, no período 1975–2006.
Fonte: microdados fornecidos pelo IBGE em 2012.
A análise dessas taxas de crescimento do PTF por ecossistema brasileiro também mostra resultados consistentes. Como esperado, as estimativas do PTF para o ecossistema do Cerrado registraram a melhor taxa de crescimento das culturas (3,99% a.a.); essa região apresenta, porém, um mau desempenho da produtividade animal (0,08% a.a.). É sabido que a expansão da fronteira agrícola brasileira para a região do Cerrado ocorreu pela substituição de áreas de pastagem, utilizadas pela pecuária extensiva, por áreas de cultivo de soja, algodão, milho e outros grãos.
Também apresentam boas taxas de crescimento da produtividade agrícola as regiões do Pantanal e o Pampa (3,51% e 3,84%, respectivamente). Nas últimas décadas, em tais regiões, houve uma expansão da agricultura, em especial da soja no Pantanal e do arroz irrigado no Pampa, em detrimento da pecuária extensiva.
O estudo também apresenta resultados consistentes no que diz respeito ao setor pecuário, mostrando altas taxas de crescimento do PTF nos ecossistemas caracterizados como Floresta Tropical, Pantanal e Equatorial (3% a.a., 16% a.a e 3,10% a.a., respectivamente).
O deslocamento da pecuária para a Amazônia e o Pantanal, em grande parte associado à expansão da agricultura na região do Cerrado, vem recebendo, na última década, uma atenção especial por parte do governo brasileiro, e em todos os níveis (nacional, estadual e municipal), em resposta à forte oposição da sociedade brasileira, sobretudo do segmento do setor ambiental, em razão do intenso desmatamento decorrente da implantação da pecuária.
O fraco resultado obtido para o ecossistema do Pampa (0,32%) também era esperado, em virtude da estagnação da pecuária na região, durante as últimas duas décadas, evidenciada indiretamente nos resultados do PTF para o Rio Grande do Sul, onde se situa o Pampa. Já no caso do ecossistema Caatinga, os bons resultados da agricultura são consistentes com aqueles obtidos para vários estados nordestinos, onde tal ecossistema predomina.
Outra análise realizada, e muito similar à anterior, foi a estimativa dos índices de produtividade por bioma, usando a classificação do IBGE. Foi feita tal análise para mostrar que, embora aparentemente similares, as classificações adotadas pela Embrapa Solos e pelo IBGE apresentam alguns resultados divergentes. Isso deve ser decorrente, em grande parte, do fato de que o IBGE adota uma classificação mais agregada, em que usa áreas contínuas, enquanto, na da Embrapa, os municípios e as microrregiões são caracterizados segundo o ecossistema, o que significa que são áreas descontínuas.
Na Tabela 3, são apresentadas as taxas de crescimento da produtividade total da agricultura, da pecuária e do agregado, para cada um dos seis biomas brasileiros.
Tabela 3. Índices de produtividade total por bioma, no período 1975–2006.
Bioma |
Índice de produtividade total |
||
Agricultura (% a.a.) |
Pecuária (% a.a.) |
Agregado (% a.a.) |
|
Amazônia |
2,52 |
2,29 |
2,68 |
Caatinga |
2,03 |
1,83 |
2,08 |
Cerrado |
2,83 |
-0,63 |
1,38 |
Mata Atlântica |
1,68 |
2,41 |
1,97 |
Pampa |
2,46 |
0,54 |
2,19 |
Pantanal |
2,37 |
2,56 |
1,29 |
Fonte: microdados fornecidos pelo IBGE em 2012.
A análise das taxas de crescimento do PTF por bioma mostra taxas menores, mas consistentes com o estudo por ecossistema, nos casos do Cerrado e do Pampa, onde a pecuária também apresentou as mais baixas taxas. Mas não os mesmos para a Caatinga. Já para a agricultura, os resultados são, em geral, consistentes, mas também com valores bem menores – em torno de 2%, em vez dos 3% ou mais, no caso dos ecossistemas.
Cabe ressaltar que a Mata Atlântica apresentou os melhores índices de produtividade, tanto para agricultura quanto para pecuária, o que pode ser explicado, grosso modo, pelo fato de que esse bioma representa uma agregação dos ecossistemas floresta tropical e litoral, na classificação da Embrapa Solos.
Em resumo, os resultados estimados dos índices de produtividade total da agricultura nos principais biomas brasileiros, tanto para a produção agrícola quanto para a produção animal, são consistentes, confirmando a expansão da agricultura no Cerrado e no Pampa, bem como da pecuária na Amazônia e no Pantanal.
Tais resultados confirmam dados divulgados pela Embrapa, no seu balanço social, que mostram crescentes taxas de adoção de inovações tecnológicas em tais ecossistemas e biomas brasileiros, como, por exemplo, o uso de pastagens desenvolvidas pela Empresa (EMBRAPA, 2012).
Em razão da relevância e da abrangência dos resultados obtidos, e do contexto geopolítico em que se insere o Brasil, foi preciso compará-los com os de outros estudos sobre a produtividade total da agricultura, desenvolvidos no Brasil e, sobretudo, na América Latina.
Os principais estudos desenvolvidos no Brasil usando a mesma metodologia, ou seja, calculando as taxas por meio do índice Tornqvist-Theil, foram feitos por Avila e Evenson (1995), Avila et al. (2009), Gasques e Conceição (2001) e Gasques et al. (2004, 2010).
Avila e Evenson (1995) estimaram os índices Tornqvist-Theil PTF para o setor agrícola brasileiro e por subsetor – agricultura e pecuária –, para o período 1970–1985, também utilizando dados dos censos agrícolas: de 1970, 1975, 1980 e 1985. Os resultados obtidos por Avila e Evenson (1995) mostraram um maior crescimento do PTF no Sudeste e no Centro-Oeste (3,1% a.a. e 3,8% a.a., respectivamente). A taxa anual de crescimento para o setor brasileiro de toda a agricultura foi de 2,45%. O crescimento da produtividade foi maior em culturas (3,63% a.a.) do que em pecuária (2,12% a.a.).
Essas estimativas foram atualizadas por Avila et al. (2010), incluindo o censo 1995–1996, e usando o mesmo modelo. O crescimento total do PTF foi de 3,45%, devendo-se tal crescimento, em grande parte, à agricultura. Nesse período, concentrou-se na expansão da agricultura brasileira para a região do Cerrado, o que é confirmado pela análise regional, em que os autores encontraram taxas elevadas de crescimento do PTF para a região Centro-Oeste (4,32%) – exatamente a região onde novas e permanentes pastagens foram incorporadas ao sistema de produção, nas últimas duas décadas.
É importante notar que essas estimativas de produtividade total feitas por Avila e Evenson (1995), para o período1970–1985, e as de Avila et al. (2009), para o período 1970–1995, envolveram apenas os 25 principais produtos agrícolas brasileiros, e não a totalidade deles, como é o caso deste estudo e também das estimativas de Gasques et al. (2004, 2010). Essa diferença quanto aos dados explica algumas das diferenças entre os índices do PTF encontrados em tais estudos, em comparação com outros estudos de autores brasileiros, sobretudo neste trabalho. No caso do estudo de Gasques e Conceição (2001), a produtividade total dos fatores (PTF) da agricultura brasileira foi estimada também com base em dados de censos agrícolas e na fórmula Tornqvist-Theil. Os autores estimaram índices PTF para todo o País e por unidade da Federação, mas apenas para o setor agrícola como um todo (agregado). A taxa anual de crescimento agregado estimada para o período 1970–1995 foi de 2,33%.
As maiores taxas de crescimento do PTF encontradas por Gasques e Conceição (2001) foram nos casos dos estados localizados no Centro e no Sul do País, o que é consistente com os resultados obtidos neste trabalho. O pior desempenho foi verificado com os estados localizados na Região Amazônica, uma região não tradicional para a produção agrícola e a pecuária, e não diretamente afetados pelo recente boom tecnológico do setor agrícola no Sul e no Centro-Oeste do Brasil. Como o estudo de Gasques e Conceição (2001) não desagrega os PTFs em agricultura e pecuária, não foi possível fazer uma comparação entres esses dois setores.
Em outro estudo desenvolvido por Gasques et al. (2004), foi utilizado o mesmo índice de Tornqvist, mas foi construído com base em dados anuais, em vez de censos agropecuários. Nesse estudo, os autores estimaram os índices PTF para o período 1974–2002 e subperíodos, e obtiveram taxas médias de crescimento do PTF mais elevadas que aquelas obtidas por outros autores brasileiros, para os últimos anos. As taxas variaram de 4,88%, de 1990 a 1999, a 6,04%, no período 2000–2002. As taxas mais elevadas e pouco consistentes com outros estudos podem ser explicadas pelo uso de séries temporais, uma opção pouco usada em virtude das dificuldades de obtenção de dados de insumos por microrregião e até mesmo por unidade da Federação.
Finalmente, é importante destacar as estimativas recentes publicadas por Gasques et al. (2010), incluindo os dados do censo agropecuário de 2006, mas mantendo basicamente o mesmo modelo de seu estudo em 2001 (GASQUES; CONCEIÇÃO, 2001). Os resultados obtidos, incluindo o ano de 2006, são inferiores aos do seu estudo anterior, baseado em séries temporais, mas são consistentes com os resultados apresentados no presente documento. Os autores encontraram uma taxa de crescimento do agregado PTF de 2,20% para 1975–2006, período que é muito semelhante ao deste estudo (2,14%), para o mesmo período.
Entre os estudos do PTF feitos no Brasil, cabe destacar o de Araújo et al. (2002), no qual foram estimadas as taxas de crescimento do PTF do setor agrícola no Estado de São Paulo, que é o mais mais desenvolvido do Brasil e o que apresenta a agricultura de mais alto nível tecnológico. As taxas do PTF estimadas pelos autores, com dados anuais para o período 1960–1999, mostraram uma taxa de crescimento médio anual de 1,71%.
Durante a primeira década (1960–1970), a taxa anual do PTF agrícola estimada foi muito baixa, mas, para o período 1970–1999, os autores encontraram uma taxa anual superior a 2% ao ano, o que está consistente com os outros estudos desenvolvidos.
As estimativas do PTF agrícola feitas por Araújo et al. (2002), Avila e Evenson (1995), Avila et al. (2009), Gasques e Conceição (2001), Gasques et al. (2004, 2010) mostram altas taxas anuais de crescimento da produtividade agrícola no Brasil.
Cabe ressaltar que, na literatura, existem outros estudos desenvolvidos no Brasil que estimaram as taxas de crescimento da produtividade total da agricultura brasileira usando o índice de Malmquist (PEREIRA et al., 2002; RADA; VALDES, 2012). Tal índice é derivado da Análise de Envoltória de Dados (modelos DEA) e, apesar de apresentar resultados similares, não foi comentado de forma conjunta, em razão da grande diferença apresentada na estimação entre os dois métodos3.
De qualquer maneira, os usuários de tal modelo constataram o mesmo que neste trabalho: que a produtividade da agricultura nas últimas décadas cresceu a altas taxas anuais.
Enfim, ao longo deste trabalho, foram mostradas as mais diversas evidências de que houve ganhos de produtividade na agricultura brasileira, no período 1975–2010. Isso significa dizer que o crescimentio da produção agrícola, mostrado na seção inicial deste trabalho, não resultou somente de um aumento do uso de insumos, já que esse aumento de insumos de um censo para outro é considerado na construção do índice PTF.
No contexto da América Latina, cabe, inicialmente, citar os estudos agregados desenvolvidos por Avila et al. (2009) e Fuglie (2010), que estimaram as taxas de crescimento da produtividade total da agricultura usando a mesma metodologia e a mesma fonte de dados (FAO, 2012).
No caso do estudo de Avila e Evenson (2005), foram estimadas as taxas de crescimento da produtividade da agricultura, não só da América Latina como também de todos os países em desenvolvimento. Para a América Latina, os autores estimaram uma taxa média anual de crescimento de 2,24% para o período 1981–2000, sendo o Brasil o país que apresentou a taxa de crescimento mais elevada (3,22% a.a.). Argentina, Bolívia e Equador destacaram-se também, mas suas taxas foram bem menores – em torno de 2,4% a.a. –, enquanto o Chile apresentou uma taxa anual de 2,05%, e o Peru, 1,98%.
Já no estudo de Fuglie (2010), que não desagregou as taxas por país, as taxas anuais do PTF obtidas variaram de 2,54%, no período 1990–2000, a 2,60%, no período 2000–2007. Numa das sub-regiões do grupo latinoamericano e caribenho (LAC), do qual consta o Brasil, segundo o autor, a taxa média anual de crescimento no período 1980–2007 foi de 3,72%. Todos os resultados de Fuglie (2010) são compatíveis com os de Avila e Evenson (2005), e até mesmo as altas taxas para o Brasil.
Quando, porém, são comparadas com outros estudos nacionais, as taxas obtidas no Brasil são superiores. A título de exemplo, pode-se citar o estudo de Lema e Parellada (2001) sobre o setor agrícola argentino. Os resultados demonstraram que as taxas de crescimento do PTF agrícola nesse país foram positivas em todos os períodos de análise. O PTF estimado para todo o período de análise (1970–1997) foi de 1,55% a.a. O melhor desempenho foi considerado o do período 1970–1980, com 2,21% a.a., e o pior, durante o período 1980–1990, quando o crescimento foi de apenas 0,34% a.a.
Da mesma forma, as taxas brasileiras foram melhores do que aquelas obtidas por Arias e Rodríguez (2002) em seu estudo sobre a evolução e o desempenho do setor agrícola na Costa Rica, em que foi estimada a produtividade total dos fatores para o período 1977–2000. A taxa de crescimento da Costa Rica no setor agrícola foi fortemente positiva no início do período de análise, e relativamente modesta no resto do período. A taxa estimada de crescimento do PTF para todo o período foi de 0,45% a.a.
Outro exemplo que pode ser citado é o da Colômbia, em que estudos usando o PTF, desenvolvidos por Romano (1987, 2003) e atualizados por Avila et al. (2010), apresentaram resultados mais baixos que os encontrados para o Brasil. Durante os períodos 1961–1980 e 1981–2001, a contribuição do PTF foi menor do que a contribuição de entradas para o crescimento do produto. Além disso, durante o período 1990–2001, o PTF diminuiu a uma taxa de 1,18% por ano. A produção também diminuiu ao longo desse período – de 0,23% a.a. A taxa de crescimento dos insumos foi positiva, mas não o suficiente para compensar o declínio no PTF. Esses últimos resultados são consistentes com outros estudos feitos por Romano (1987, 2003).
Finalmente, pode-se dizer que as taxas de crescimento da produtividade total da agricultura no Brasil são comparáveis com as dos países desenvolvidos, conforme as estimativas feitas por Fuglie et al. (2007), que encontraram, para os Estados Unidos, uma taxa de crescimento anual da produtividade da agricultura de 2,4%, para o período 1981–2004.
Enfim, o desempenho recente da agricultura brasileira tem sido excelente, apresentando taxas anuais de crescimento até mesmo superiores às taxas de seus vizinhos na América Latina e comparáveis àquelas obtidas por países desenvolvidos. Esse desempenho tem muito a ver com as inovações geradas pela pesquisa agropecuária brasileira, como mostram algumas evidências apresentadas a seguir.
Os estudos que estimam as taxas anuais de crescimento da produtividade total da agricultura são, em geral, complementados por uma análise chamada de decomposição, em que se busca identificar os fatores que influenciaram as variações nas taxas de crescimento. Em outras palavras, busca-se identificar fatores exógenos ao sistema de produção – como infraestrutura, pesquisa agropecuária, extensão rural, educação, etc. –, e, portanto, não incluídos na construção do índice.
Neste estudo, não foi feita a análise de decomposição dos índices estimados, uma vez que estudos de decomposição dos índices PTFs desenvolvidos recentemente já apresentam suficientes evidências sobre quais os fatores que estão afetando tais índices no Brasil. Os estudos aqui referidos são os de Avila e Evenson (1995) e de Avila e Evenson (2005), os quais também estão associados ao uso do índice de Tornqvist-Theil e a dados dos censos agropecuários.
No estudo de 1995, Avila e Evenson (1995) usaram um modelo econométrico em que o PTF foi analisado em relação a investimentos em pesquisa agropecuária na Embrapa (programas nacionais e ecorregionais) e nos estados (Oepas), a contatos com extensão rural, a investimentos em pesquisa industrial/privada (patentes), à infraestrutura em rodovias e à densidade populacional. Tanto na análise agregada quanto na por setor (agricultura e pecuária), as variáveis pesquisa da Embrapa e dos estados foram estatisticamente significantes na explicação das variações nos PTFs. Os autores concluíram que os investimentos realizados pelo setor público (Embrapa e estados) tiveram uma alta taxa de retorno (variou de 19% a 56%).
Um estudo mais recente, desenvolvido por Avila et al. (2010), usando um modelo econométrico proposto em Evenson e Avila (2004), no qual o Brasil foi analisado junto com todos os outros países em desenvolvimento, os resultados também atestaram a importância da pesquisa agropecuária para o crescimento das taxas do PTF. Os índices de crescimento dos PTFs foram relacionados com o uso de variedades melhoradas, com a escolaridade rural e com o índice nutricional, e, nesse modelo, também os resultados foram positivos. A variável adoção de novas variedades, usada como proxy dos investimentos em pesquisa agropecuária, foi significativa, assim como as demais.
No contexto brasileiro, e usando outras formas de avaliar o papel da pesquisa agropecuária no aumento da produtividade e na geração de excedentes econômicos na agricultura brasileira, há uma série de outras evidências de que a pesquisa provocou impacto. Em outras palavras, os ganhos de produtividade total estão associados a muitos fatores, mas o que teve papel mais destacado foi a adoção de inovações tecnológicas – como novas variedades de plantas (cultivos e pastos), melhores práticas de manejo, uso mais adequado do solo, entre outros.
Os estudos que mostram tais evidências foram desenvolvidos tanto por técnicos da Embrapa (AVILA; SOUZA, 2002; AVILA et al., 2005, 2009; CRUZ et al., 1982; EVENSON, 1982) quanto por outros pesquisadores, como Ayer e Schuh (1972), Bonelli e Pessôa (1998), Cançado Júnior et al. (2000), Gonçalves et al. (1989) e Pardey et al. (2004).
Essas evidências ficaram ainda mais explícitas desde que a Embrapa começou a monitorar a adoção e os impactos de cerca de 115 tecnologias e de mais de 150 variedades melhoradas de arroz, feijão, milho, algodão, trigo, sorgo e soja, geradas pelas suas Unidades de pesquisa (EMBRAPA, 2012). Tal monitoramento, que vem desde 1997, tem permitido à Empresa apresentar à sociedade, anualmente, dados atualizados sobre os excedentes econômicos (adicionais líquidos), bem como sobre os impactos ambientais e sociais das inovações por ela geradas, junto com seus parceiros.
Estimativas feitas com base nos dados de 15 anos de benefícios e custos indicam que a taxa média de retorno dos investimentos em pesquisa na Embrapa é de 45%, uma taxa considerada alta, tanto em relação aos investimentos em outras áreas da economia, quanto em relação a inversões em P&D no setor agrícola, por outras instituições no Brasil (AVILA et al., 2008) e no exterior (ALSTON et al., 2000; RAITZER, 2003).
Enfim, são inúmeras as evidências de que os ganhos recentes de produtividade no Brasil, mostrados neste trabalho e nos de outros autores, estão diretamente vinculados à pesquisa agropecuária, tanto no âmbito federal quanto no estadual. Com certeza, nesse processo, colaboraram os agentes de assistência técnica e extensão rural, que levaram as inovações tecnológicas aos produtores comerciais e de base familiar.
Nesse contexto, é justo reconhecer que parte desses ganhos de produtividade da agricultura brasileira é devida à pesquisa desenvolvida pela iniciativa privada (sementes, fertilizantes, máquinas e equipamentos, etc.), bem como à rede de transferência de tecnologia e de assistência técnica a ela vinculada.
Os resultados deste estudo mostram que a produtividade da agricultura brasileira vem apresentando altas taxas de crescimento nas últimas décadas, com marcadas diferenças entre as regiões, os estados e os ecossistemas. Tais resultados são consistentes com aqueles obtidos por outros autores, no Brasil.
A análise das estimativas de taxas de crescimento da agricultura do Brasil, em comparação com outras regiões e países latino-americanos, mostrou que o País apresentou um desempenho superior ao de seus vizinhos. Da mesma forma, os índices de produtividade total obtidos estão em um patamar superior àqueles estimados por outros países e regiões da América Latina.
Do ponto de vista da pesquisa agropecuária, uma vez mais ficou claramente evidenciado que as inovações tecnológicas por ela geradas foram determinantes para que fossem obtidos ganhos de produtividade no período em análise. Portanto, os investimentos feitos pela sociedade brasileira em pesquisa agropecuária têm sido recompensados.
Nesse contexto, grande parte do êxito alcançado nas últimas décadas pode ser atribuída à Embrapa – principalmente à liderança que exerce a sua rede de Unidades de pesquisa na geração de tecnologias que resultem na obtenção dos ganhos de produtividade, na trajetória recente da agricultura brasileira.
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Taxas de crescimento anual (%) – Período 1975–2006.
Unidades da Federação |
Taxas de crescimento anual (%) |
||
Agricultura |
Pecuária |
Agregado |
|
Rondônia |
4,24 |
3,13 |
3,59 |
Acre |
1,13 |
0,88 |
0,76 |
Amazonas |
-0,97 |
1,67 |
-0,71 |
Roraima |
1,15 |
0,90 |
1,43 |
Pará |
0,97 |
2,90 |
0,87 |
Amapá |
-0,69 |
0,98 |
-0,17 |
Tocantins |
0,80 |
3,38 |
2,61 |
Maranhão |
3,72 |
1,18 |
2,94 |
Piauí |
4,10 |
1,23 |
3,32 |
Ceará |
3,28 |
1,32 |
2,72 |
Rio Grande do Norte |
2,28 |
2,55 |
2,39 |
Paraíba |
1,59 |
1,91 |
1,75 |
Pernambuco |
1,87 |
2,36 |
2,11 |
Alagoas |
3,33 |
1,92 |
3,01 |
Sergipe |
1,99 |
2,05 |
2,07 |
Bahia |
1,62 |
1,05 |
1,51 |
Minas Gerais |
3,34 |
1,74 |
3,13 |
Espírito Santo |
5,54 |
2,26 |
5,33 |
Rio de Janeiro |
1,52 |
1,35 |
1,41 |
São Paulo |
1,58 |
2,05 |
1,95 |
Paraná |
1,02 |
2,54 |
1,42 |
Santa Catarina |
2,57 |
3,71 |
3,36 |
Rio Grande do Sul |
1,73 |
2,33 |
2,21 |
Mato Grosso do Sul |
2,38 |
3,77 |
3,33 |
Mato Grosso |
9,85 |
3,49 |
8,36 |
Goiás |
2,30 |
2,09 |
2,44 |
Distrito Federal |
7,04 |
6,77 |
6,68 |
Fonte: microdados fornecidos pelo IBGE em 2012.