CAPÍTULO 12

EDUCAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA

INFRAESTRUTURA AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA SUSTENTÁVEL

Odo Primavesi

Rachel Gueller Souza

Valéria Sucena Hammes

Introdução

O Brasil possui atualmente a maior área agricultável do mundo. É o país que pode ser o celeiro do planeta. Possui a maior parte da biodiversidade do mundo, podendo ser o maior centro ecoturístico da Terra. A biodiversidade brasileira pode ser fonte de grandes soluções medicinais e nutricionais para a humanidade. A floresta tropical brasileira é uma das mais importantes para regular o clima mundial, incluindo o Brasil, já que de 25% a 45% das chuvas que caem nas regiões Sul e Sudeste são formadas sobre a mata amazônica. Apresenta uma das maiores disponibilidades de água doce superficial do mundo. No Brasil se localiza a maior parte das áreas de recarga de um dos maiores aquíferos de água doce do mundo, o aquífero Guarani. A agricultura brasileira é vista como a grande salvação do mundo, como um grande poço de biocombustíveis (álcool, biodiesel e outros), substituindo o petróleo. Sua economia é a décima maior do mundo e está sendo salva pelo agronegócio, com grande desenvolvimento na produção de commodities.

Porém, o Brasil está sendo impedido de se desenvolver mais rapidamente pela infraestrutura deficiente: armazéns, vias de escoamento, portos, leis trabalhistas, impostos, exclusão social, falta de educação de melhor nível e de capacitação profissional, além do descaso em relação ao meio ambiente, mais especificamente as estruturas naturais que possibilitam os serviços ambientais essenciais à vida e à produção.

E todo esse futuro promissor do Brasil pode estar sendo obscurecido e fatalmente destruído pelo desmonte sem sentido e inconsequente da infraestrutura ambiental criada pela natureza para permitir vida com qualidade à espécie humana. E isso de modo acelerado, desrespeitando frontalmente a legislação ambiental, por falta de sensibilização, de entendimento adequado da função dessa infraestrutura vital. O alicerce da vida e da capacidade de suporte e de produção sobre o continente. Estão desmontando o alicerce de modo sorrateiro, esperando que a “casa”, a agricultura e as cidades, continue de pé. Legislação ambiental? Entendimento? Água residente sumindo pela redução do ciclo da água (a água fica menos tempo no local de queda das chuvas, e volta mais rápido para o oceano), solo permeável sofrendo impermeabilização (que expulsa as águas das chuvas de volta para o mar), áreas verdes permanentes (florestas – vaporizadores e umidificadores ambientais) simplesmente destruídas para repor solos agrícolas impermeabilizados ou erodidos, e mesoclima adequado sendo alterado, tornando-se mais seco e com maiores amplitudes térmicas (no Saara a temperatura varia de 0 °C a 50 °C durante o dia; na Amazônia, varia entre 18 °C e 32 °C, com média de 26,5 °C), e mais quente. Verifica-se que para a legislação criminal existe sensibilização, porque todo mundo parece entender o que é um atentado contra a vida, mas a legislação ambiental é vista como simples imposição supérflua, pois não existe entendimento adequado sobre a essencialidade do ambiente para a vida.

Ações de educação ambiental proliferam em todo mundo, e com muita intensidade no Brasil. Procuram sensibilizar a população a mudar sua atitude para com o ambiente. No que isso beneficia as pessoas? O que se ganha com isso? Algum abatimento nos impostos? Ou é mais alguma ideia maluca de gente que não tem nada o que fazer, como esses ecólogos, para atrapalhar a vida das pessoas? Ou mesmo inviabilizar alguma pequena propriedade? Antes precisavam encher a panela do povo que passa fome. No que isso beneficia o agronegócio brasileiro? Plantar árvore é muito caro e inutiliza a área das propriedades.

Este capítulo procura esclarecer esse ponto vital. Procura, ainda, enfatizar, de forma clara e lógica, os princípios ecológicos imutáveis que dão suporte a todas as práticas agrícolas ambientalmente corretas, eficientes e que também dão suporte à legislação ambiental que, por sua vez, procura garantir a infraestrutura ambiental necessária à viabilização de condições de vida humana sobre o continente, dar qualidade de vida à população, dar vida longa ao agronegócio e ao ecoturismo brasileiro, vocação maior do Brasil, principalmente num cenário mundial com seu ambiente em processo acelerado de degradação: exclusão social, violência, poluição, envenenamento, erosão, salinização, aridização, desertificação, mudanças climáticas. Ademais, falta de água residente (água armazenada no solo), o nutriente-chave para garantir a vida, as produções dos alimentos, as panelas cheias, o agronegócio e o ecoturismo prósperos.

Em estudo realizado pelo engenheiro sanitarista Liebmann em 1978 sobre a causa de desaparecimento de diversas civilizações antigas, foram identificados três fatores que estavam relacionados ao ambiente degradado, considerando que as civilizações ocorrem em cidades, em confinamentos humanos: acabou a água limpa para atender à população, por causa da destruição das matas e do ciclo longo da água (a água das chuvas escoava logo de volta ao oceano, às vezes na forma de enchentes), diminuiu a disponibilidade de alimento para todos, por causa da degradação dos solos, e faltou saneamento básico, sendo todo o lixo e o esgoto lançados nas ruas, provocando, por exemplo, a morte de 13 milhões de pessoas pela peste negra, na Europa.

Atualmente identifica-se o agravamento globalizado do desmatamento e da destruição dos solos, e uma produção fora do comum de resíduos sólidos (domésticos, industriais, hospitalares, veterinários, agrícolas – como as embalagens de agrotóxicos), líquidos (esgotos domésticos, industriais, agropecuários), gasosos (sulfurosos, por exemplo, vindos do enxofre que as usinas de açúcar usam, e nitrosos, que geram chuvas ácidas, gases de efeito estufa, CFCs e similares que destroem a camada de ozônio, etc.) e radiativos (luz, em especial durante a noite inteira, o que pode prejudicar a reprodução de espécies que necessitam de noites longas, calor, e materiais radioativos, como no caso do césio em Goiânia, GO), e biológicos, prejudicando a qualidade da água, dos solos, do ar e a saúde e capacidade reprodutiva vegetal, animal e humana. Nos dias atuais verifica-se a intensificação de uma resultante de agressões ambientais anteriormente citadas (destruição de florestas e solos, emissões de gases de efeito estufa, produção de calor, irradiação de calor, reflexões de calor – superfícies secas absorvem radiação solar de ondas curtas e, após esta ativar as moléculas dessa superfície, é gerada radiação de ondas longas, infravermelha, de calor e que é irradiada para a atmosfera): aquecimento global e as mudanças climáticas, que são caracterizadas por temperaturas mais elevadas, amplitudes térmicas maiores e uma série de fenômenos associados. Assim, temos mais furacões e ciclones mais fortes; chuvas atrasadas e irregulares; chuvas mais concentradas e erosivas; enchentes mais frequentes e maiores; períodos maiores de seca; ondas de frio no verão e ondas de calor no inverno; frentes frias que antes levavam de 5 a 7 dias para chegar hoje podem chegar em 2 dias, prejudicando o regime de chuvas (chuvas mais curtas e intensas seguidas de veranicos maiores); por causa das maiores temperaturas nos períodos secos, a umidade relativa do ar diminui mais, secando mais as plantas (folhas murchas não fazem fotossíntese, deixam de produzir, resultando em prejuízo), aumentando os riscos de incêndios; e com ventos mais fortes o ambiente se resseca mais rápido e os incêndios são espalhados mais rapidamente; entre outros fenômenos. As mudanças climáticas têm como causas o aumento da irradiação de calor (necessário saber o que irradia mais calor, um muro com ou sem cobertura de plantas, uma calçada de cimento ou de grama, uma terra compactada ou uma terra coberta de folhas ou grama), em virtude da urbanização e da exposição direta do solo ao sol; o aumento da produção de calor na atmosfera (combustão de materiais orgânicos, como nas queimadas); o aumento na retenção de calor na baixa atmosfera, por causa do espessamento da camada de efeito estufa resultante da enorme emissão de resíduos gasosos, os gases de efeito estufa (que funcionam como um cobertor que retém calor, que retém mais calor quando mais grosso for, e esse cobertor engrossa com produção contínua de gases de efeito estufa, e afina quanto mais árvores se plantar e quanto mais algas marinhas puderem se desenvolver, se não houver destruição dos mares); a redução dramática de áreas verdes permanentes (que atuam como vaporizadoras e hidrotermorreguladoras; a água transpirada retira calor do ar, por isso áreas vegetadas ou aquelas que se encontram à sombra de árvores têm mais água disponível no solo para transpirar); e a impermeabilização do solo (que impede a reposição de água do lençol freático, que fornece a água para as áreas verdes e as árvores poderem transpirar, umidificar a atmosfera e reduzir o calor). Verifica-se também outro impacto ambiental nocivo, que é o da exclusão social. O nosso próximo também faz parte de nosso ambiente. Não são somente as araras-azuis ou os micos-leões-dourados, são os humanos que fazem parte de nosso ambiente mais próximo. Não é uma “invenção doida” de ecologistas, é a realidade. Por isso, não tem sentido pensarmos somente no nosso futuro e bem-estar sem considerar os “excluídos” que nos rodeiam. Não adianta consertar o mundo e deixar a própria espécie à mercê da destruição. É preciso conhecer as leis da natureza, entendê-las e exercer a cidadania no sentido de desenvolver benefícios coletivos. Concentrar terras (atividades agrícolas) ou atividades industriais ou comerciais, reduzir postos de trabalho, substituir por máquinas e robôs, deixar só os mais eficientes. Tudo isso torna a sociedade atual insustentável. Além disso, prevê-se um horizonte de no máximo 20 anos para grandes mudanças ambientais que sejam muito restritivas (danosas à saúde, mortais) para a vida humana; se nada for feito para frear as atividades depredadoras (de desperdício, de desmonte do alicerce ambiental; tem-se muito, muita floresta, muita água superficial e subterrânea, muita terra, mas um dia começa a faltar, e a gente não consegue parar de desperdiçar, já virou costume, modo de vida, “status”) da infraestrutura ambiental vital, se não nos sensibilizarmos e principalmente mobilizarmos as comunidades locais e globais, envolvendo os segmentos detentores do poder de decisão política e econômica como dirigentes industriais, comerciais e outros. Se não houver uma educação ambiental sensibilizadora, motivadora e abrangente. E quando nós, os consumidores, não nos conscientizamos e continuamos a comprar produtos “baratinhos”, gerados às custas da degradação ambiental, de mão de obra escrava, de burla às leis, de falta de pagamento de impostos, de contrabando, e que prejudicam nossos empregos, nossos trabalhos, nossa comunidade, em médio e longo prazo. As respostas da natureza contra a agressão irracional ocorrerão na forma de “chicotadas”: de rajadas ou jatos de ventos fortes, de trombas d’água, de raios, de incêndios localizados, de enchentes localizadas, de secas prolongadas localizadas, de secções, de apagões, de ondas de frio e de ondas de calor, com falta de água limpa, falta de alimentos, de surtos de aparecimento de doenças consideradas sob controle, de surtos de surgimento de doenças novas, e outros. O primeiro ensaio de mortandade humana relacionado às mudanças climáticas ocorreu em Paris, em 2003, com mais de 10 mil óbitos, uma “chicotada” na forma de uma onda de calor cinco graus Celsius superior à media, durante 15 dias consecutivos. Urge a necessidade de sensibilizar toda a população urbana e rural sobre a necessidade de se salvaguardar na íntegra a infraestrutura natural (manter o solo permeável, reter toda a água da chuva o maior tempo possível, manter vegetação arbórea permanente diversificada num mínimo de 20% a 30% próximo ao paralelo 20, e até 80% na região equatorial) garantindo a vida sobre o continente, incluindo de forma harmônica as cidades, as lavouras, as florestas nativas e as plantadas, as criações geradoras de alimentos, e a inclusão social.

A legislação ambiental procura garantir essa infraestrutura ambiental que, após a conscientização e o entendimento das normas ecológicas da natureza (que são normas de segurança para garantir a vida e a produção), pode ser ampliada para um nível de equilíbrio superior, em benefício da produtividade agrícola e da qualidade de vida humana. Infelizmente, é vista como entrave ao desenvolvimento, talvez por falta de conhecimento da base ecológica sobre a qual foi estruturada. A educação ambiental deverá procurar esclarecer esse ponto, tornando a percepção dessa legislação menos impositiva e mais educativa e lógica. É mais fácil entender a lei quando ela nos pune por termos assassinado alguém, ou maltratado nossos filhos. Realmente, no caso da preservação ambiental, fica mais difícil – e tentaremos explicar aqui o porquê de isso constituir crime contra a humanidade, contra nós e nossa família – corroer e destruir o alicerce ambiental. Quando há a destruição do patrimônio ambiental, teremos como consequência um ajuste para menos dos equilíbrios dos componentes naturais, resultando em condenação ao enfraquecimento e mesmo extinção, inicialmente das espécies mais sensíveis, e por fim de todas as espécies. Enfraquecimento pela escassez de água e de alimentos, ou perda nutricional destes. E extinção causada pelo desequilíbrio na teia alimentar. Essa situação de degradação associada a outros fatores socioeconômicos, como desemprego, falta de oportunidades e impossibilidade de suprir as necessidades básicas humanas, pode gerar desequilíbrio emocional, aumentando o índice de alcoolismo, uso de drogas, roubos, violências e suicídios.

Desenvolvimento – o que isso significa realmente? Não digam que é o propalado desenvolvimento socioeconômico atual, que não passa dessa “regressão ecológica” promovida, de forma global, com o desmonte sistemático, predatório e perdulário do ecossistema que garante a vida. Sustentável? Qual o horizonte mínimo considerado para que haja sustentabilidade? Dois anos, para depois retalhar o empreendimento, a empresa, e vender as partes com grande lucro? Dez anos, para daí se abandonar o solo degradado e derrubar mais mata, se houver? E se não houver? Três gerações? Quatro a cinco mil anos, como a produtividade dos solos na China, até alguns anos atrás?

O texto a seguir procura trazer de forma dinâmica e ilustrativa a interação dos elementos da natureza, para facilitar a compreensão.

Como se formou esta maravilha chamada natureza?

Para se poder avaliar o que deve ou não ser feito, o que constitui infraestrutura ambiental para a manutenção da vida sobre o continente, necessita-se observar a natureza, em sua totalidade, considerando-se as inter-relações existentes entre os sete elementos da natureza: energia (luz solar, calor), água (no solo e no ar), ar (oxigênio, gás carbônico), solo, flora (base da cadeia alimentar), fauna e os seres humanos.

Independentemente da vontade humana, com ou sem uso de tecnologia sofisticada, as normas e diretrizes da natureza são imutáveis, incorruptíveis. São normas de segurança para a vida. Por exemplo, a lei da gravidade que causa a queda de pessoas que não se equilibram direito, resultando em fraturas, também é responsável por desmoronamentos de barrancos desprotegidos, pela queda de prédios mal-construídos, pelas enchentes em locais com ocorrência de solos impermeabilizados, pela erosão e pelas destruições e mortes consequentes. E traz somente dois benefícios maiores: provoca a queda de chuvas, e nos segura sobre a Terra. Porém, se essa lei pudesse ser revogada, o Universo colapsaria. Esse exemplo mostra que nós deveremos aprender a respeitar as leis da natureza e aprender a enxergar os benefícios mesmos das leis que parecem brutais, que poderemos obter se praticarmos ações mais adequadas de manejo desses sete elementos. E essas ações em regiões tropicais por vezes são diferentes das de regiões de clima temperado, onde os processos ocorrem mais lentamente.

Para relembrar, a vida surgiu nas águas, e somente pôde se preparar para colonizar os continentes após o desenvolvimento do processo chamado fotossíntese, armazenando a energia do sol com fixação de gás carbônico (CO2), sequestro de carbono, produzindo oxigênio (O2) e posteriormente o ozônio (O3), com o qual se constituiu um escudo protetor da superfície terrestre contra a radiação ultravioleta biocida. Mas quando a natureza tentou colonizar o continente somente encontrou rochas, que representavam o ambiente natural primário. Rochas impermeáveis. Rochas quentes sob o sol de verão. A amplitude térmica era grande. As brisas e ventos eram constantes, e intensificavam à medida que as rochas iam aquecendo, formando as térmicas, aquelas massas de ar quente que sobem e que os urubus ou os praticantes de asa-delta ou de planadores usam para planar, e que iam sendo substituídas por massas de ar mais frias, formando as brisas e os ventos. As rochas aquecendo geravam massa de ar que sobem (as mesmas que formam redemoinhos – massas de ar a 80 km h-1 – ou tornados e ciclones, se forem mais fortes – massas de ar ascendente a mais de 400 km h-1), que aumentavam o efeito de sustentação e impediam a precipitação de nuvens geradoras de chuviscos ou chuvas de verão leves. Essas térmicas espantam as chuvas fracas e bem distribuídas. Essas massas de ar quente atraem tempestades e raios. Assim, as chuvas tropicais de verão eram intensas (as chuvas acompanhadas de frentes frias são mais mansas). Os raios eram ininterruptos. A água das chuvas, ao cair sobre a rocha, escoava imediatamente de volta aos canais de drenagem e em menos de uma semana estava voltando ao oceano. Não havia solo, nem lençol freático. Nem cadeia alimentar. Nem biodiversidade. O ciclo da água era curto. Havia água no momento da chuva. Mas pouco tempo depois estava tudo seco. Era impossível manter seres vivos sem água. A natureza então teve como primeira estratégia fazer de tudo para reter a água das chuvas. Como? Construindo o solo. Sim, esse grande e maravilhoso armazém natural de água. Tornando a rocha porosa, tipo esponja, permeável à água, para armazenar água das chuvas. A rocha foi quebrada por ação da variação de temperatura e a água penetrava nas fendas, alterando quimicamente os constituintes minerais, como o ferro. E a natureza também realizou a associação (vejam, não competição; mas sim a associação, o cooperativismo) de algas (primeiro representante da flora sobre o continente), com fungos (que são microrganismos), chamadas líquen, dupla dinâmica pioneira da flora incumbida de acelerar o processo de formação dos solos e iniciar a colonização das rochas, e iniciar a cadeia alimentar sobre o continente. Sua cor era prateado-branquicenta, de elevado albedo ou refletividade da radiação solar, a fim de reduzir o aquecimento do substrato. Foi um trabalho árduo dos elementos energia, água, ar e flora para criar o elemento solo. E a fauna e os humanos? Ainda não existiam. Primeiro havia necessidade de estabelecer bem o primeiro elo da cadeia alimentar: a flora (para quem trabalha com pecuária, lembre-se disso: primeiro garantir a forragem farta e com qualidade, depois procurar por animais herbívoros mais produtivos). Assim, o solo, solo permeável (solo esponja; não interessava solo pedra ou rocha, solo duro, solo compactado, solo impermeabilizado), foi sendo construído, nos trópicos, a uma velocidade de 2 mm por ano (leva-se 500 anos para produzir 1 m de solo em condições ótimas) para que a água das chuvas pudesse ser retida, chamada água residente (água que “mora no local”: no solo, na serapilheira e na vegetação), e permitir o estabelecimento de plantas superiores, mais desenvolvidas, mais produtivas, que conseguem armazenar mais carbono e energia, e são mais exigentes em água e temperaturas amenas que os liquens. Os liquens, agarrados às rochas já enfraquecidas pela ação do calor e da água temporária das chuvas (não havia água residente), auxiliaram na produção do primeiro complexo organomineral do solo, a primeira argila ativa do solo, protegida pelo seu corpo de coloração prateada; cor que é grande refletora de luz e calor, permitindo que a temperatura sobre aquele solo primordial fosse menor e, com isso, que a água permanecesse por mais tempo no local, permitindo absorção mais facilmente. A maioria das plantas encontra dificuldade em absorver água e nutrientes em condições de temperaturas acima de 33 °C na região das raízes (irrigar plantas com água quente não ajuda, pode prejudicar). As primeiras partículas de solo eram protegidas a todo custo contra a erosão e o aquecimento, e também contra a compactação pelas pesadas gotas de chuva. Os liquens as protegiam com seu corpo. Surgia o primeiro representante visível da base da cadeia alimentar sobre o continente: os vegetais acumuladores de energia (a flora), a partir da fotossíntese. Ocorria o primeiro passo para alongar o ciclo da água sobre o continente. Conforme o solo permeável ia sendo formado, aprofundando, com condições de reter mais água das chuvas – água residente –, permitiu a formação do primeiro lençol freático, reservatório de água acessível para as plantas, e formador das nascentes e cursos de água permanentes (também abastecem os poços caipiras de 3 m a 20 m de profundidade), e dessa forma os vegetais superiores tiveram possibilidade de se estabelecer; entre estes, as gramíneas. O solo permeável também é necessário para recarregar os aquíferos. Conforme o solo permeável ia aprofundando, em um ritmo intenso (2 mm por ano), ia retendo mais água, permitia o estabelecimento de plantas mais exigentes em água. Plantas com raízes mais profundas. Raízes que na prática representam os “intestinos” por onde as plantas absorvem água e nutrientes, e também os “pulmões” por onde elas absorvem oxigênio (em um vaso ou um campo que acumula água fácil, se houver muita água nas raízes, sem ar, as folhas murcham; elas liberam oxigênio pelas folhas durante a fotossíntese). E as plantas procuravam proteger o solo permeável, com sua parte aérea, suas copas ou cobertura viva, e também com restos vegetais velhos e mortos, a serapilheira ou cobertura morta, e mantinham o solo permeável com o desenvolvimento das raízes, diversificado conforme ia aumentando o número de espécies de plantas, e a atividade de fauna invertebrada associada, como minhocas. Ao observar o solo protegido de um ambiente natural clímax, representado pela mata (e que surge em nossa mente quando se fala em preservar a natureza), verifica-se uma camada de material orgânico não decomposto, como as folhas secas, seguido por camada desse material com certo grau de fragmentação, e uma camada com início de degradação biológica, predominantemente por fungos (bolores, orelhas-de-pau em cima de troncos e galhos) quando a acidez do solo for baixa, e logo abaixo, pasmem, um intenso emaranhado de raízes e de radicelas e só depois aparece o solo transpassado por raízes. O solo permeável é muito bem protegido (tripla camada: copas ou parte aérea das plantas, restos vegetais e raízes superficiais), para poder exercer de modo adequado sua função ambiental maior, que é a de armazenar e filtrar água residente (água que “mora” no lugar, água útil). A camada de material orgânico fica na superfície, e quanto menos degradada (menos estabilizada biologicamente), mais afastado do solo. Seria um indicativo para a agricultura orgânica eficiente? Usar os adubos orgânicos e restos vegetais na superfície da terra em vez de enterrá-los. Se enterrar e depois usar irrigação, e houver encharcamento (faltar oxigênio para os microrganismos respirarem durante a reciclagem do material orgânico), o material orgânico, ao degradar, em lugar de gás carbônico (fixado na fotossíntese), vai liberar muito gás metano (CH4) e outras sustâncias que podem prejudicar a saúde da planta, que assim vai crescer e produzir menos.

A natureza procurava acumular o máximo de energia do sol por metro quadrado de superfície de terra para garantir o máximo de vida e de produção de biomassa vegetal e animal associada, um exemplo de cadeia alimentar intensa e forte. Dessa maneira, foi acionada a estratégia da diversidade biológica (ou biodiversidade), que permite uma convivência pacífica de indivíduos com diferentes necessidades e produção de rejeitos e exsudatos (secreções) num mesmo habitat. Secreções (como saliva, muco, remela e pus) e dejetos (como fezes, urina e sangramentos) ou rejeitos (tecidos mortos, restos vegetais e animais – também de humanos), estes que, quando acumulados, podem prejudicar o próprio indivíduo que os produziu ou seus semelhantes ao redor, se não houver outras espécies de organismos no local que se alimentem deles e os degradem ou reciclem antes. A reciclagem é uma atividade de limpeza e purificação muito importante na natureza. Parece que o ser humano também está aprendendo lentamente que precisa reciclar seu lixo (sólido, líquido, gasoso, radiativo e biológico); do contrário, vai ser asfixiado ou contaminado por ele.

Existe um grupo de organismos na cadeia alimentar especializados no processo de purificação, tais como fungos (podem ser grandes como orelhas-de-pau) e bactérias, invertebrados como formigas, cupins, caracóis, lagartas e larvas de insetos, e até animais maiores podem aí ser classificados, quando comem carniças, como urubus, hienas e outros. Eles decompõem indivíduos da flora e da fauna que estejam mortos, doentes ou fracos. Isso não sugere algum evento importante na atividade agrícola? O surgimento da “polícia sanitária”, que muitos chamam de pragas e doenças? Elas não atacam de forma a gerar danos econômicos, quando as plantas e criações parecem vigorosas, saudáveis? Se elas aparecerem de forma intensa é porque algo está indo mal com a saúde das plantações e criações. E quanto mais intenso o ataque, mais grave a situação do “paciente” e seu ambiente, do qual participa o ser humano. O uso de venenos para matar essa “polícia sanitária” não elimina a causa. Os manejos nutricional e ambiental, incluindo aí o sanitário, são mais corretos e aconselháveis para produzir alimentos saudáveis.

Ainda voltando para esclarecer a importância da biodiversidade, de formas e funções: já imaginaram uma cidade só de engenheiros civis? Só de pedreiros? Só de professores? Sem padeiro, encanador, eletricista, médico, farmacêutico, leiteiro, cozinheiro, enfermeira, dona de casa, estudantes? Vocês já conheceram cidades que morreram quando acabou a era das ferrovias, a corrida do ouro, a era do café, a era do algodão, de atividades especializadas, de monocultivos, sem biodiversidade na produção agrícola, sem diversidade nas atividades gerais e no comércio, o que resulta em comércio dependente de um só produto? Isso não é sustentável. Sustentabilidade depende de diversidade de estruturas e de processos ou serviços, de biodiversidade.

Posteriormente, a natureza criou as árvores, que permitiam a localização das copas vivas a diferentes alturas, e que conseguiam armazenar grandes quantidades de energia solar e gás carbônico em seus troncos, grandes reservatórios de energia para o ecossistema, além de permitir maior diversificação de habitats (locais de trabalho e de vida, específicos, fornecendo condições ótimas de luz, temperatura, umidade, oxigênio, minerais e substâncias orgânicas para determinadas espécies vegetais e animais, os ecótipos), pelo aparecimento de novos habitats emergentes (mais amenos e confortáveis), com geração de diversos gradientes de entrada de luz solar ou de sombra e de umidade relativa do ar, e de diversas substâncias exsudadas pelas plantas. Árvores com sistema radicular profundo conseguiam retirar água de lençóis freáticos mais profundos, permanecendo verdes e vaporizando (transpirando) água no ar, regulando assim a umidade e a temperatura do ambiente, mesmo nos períodos secos do ano. O ciclo da água tornou-se longo, fazendo com que a água das chuvas levasse meses para voltar ao oceano, num ciclo continuado: chuvas, infiltração, transpiração, chuvas, infiltração, transpiração... Só para lembrar, até 50% das chuvas na Amazônia são de água residente. Essa mesma Amazônia fornece de 25% a 45% das águas das chuvas para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, processo que se pode observar nos noticiários de TV, quando apresentam as imagens de satélite da dança das nuvens sobre a América do Sul e o Brasil.

Com o aumento da superfície de rochas cobertas por solo permeável e vegetação permanente foram reduzidas as massas de ar quente ascendentes (que sobem, gerando térmicas), e reduziu-se a resistência, ou apareceu um “vácuo” (buraco no ar, ou área sem ou com baixa capacidade de sustentação para pequenos aviões, pássaros, e nuvens, e que fica mais nítido nas horas mais quentes do dia), para a precipitação de nuvens geradoras de chuviscos e de chuvas de verão mais leves, menos erosivas (provocam menos erosão do solo), e que infiltram mais facilmente nos solos permeáveis. Aumentava a água residente. Tornavam-se menos frequentes os temporais tropicais, e, se ocorressem, o solo estava protegido, e as plantas prontas para reter grande parte da água, antes de esta chegar ao solo. Reduziram também os grandes “ladrões” de água, as brisas e ventos locais e regionais gerados durante a ocupação horizontal, por massas de ar frio, do espaço deixado pelas massas de ar quente ascendentes. O clima local ficou mais ameno e estável para a vida saudável ao longo do ano. Reduziram-se as queimadas espontâneas, pois com o aumento da umidade relativa do ar, a redução dos ventos e da necessidade de formação de nuvens pesadas contribuiu para a diminuição do número de raios e, com isso, o perigo de fogo era menor, ou se alastrava menos intensamente.

Junto com a diversidade vegetal surgia a diversidade animal, a fauna nas mais diversas escalas, associações e habitats, e assim iam se formando as diversas cadeias alimentares: vegetais – herbívoros (comem plantas), carnívoros (comem carne), onívoros (comem de tudo) e decompositores (recicladores); e as teias alimentares complexas resultantes da interação das diferentes cadeias alimentares. Na natureza o processo de reciclagem de lixo orgânico é vital e completa, não deixava nada para depois. O ambiente era mantido limpo de lixo prejudicial. Todos os resíduos orgânicos naturais eram decompostos para futura utilização pela cadeia alimentar. Surgiram as florestas com elevada diversidade biológica, com enorme oferta de alimentos vegetais e animais, de água limpa, e de ambiente (mesoclima = clima local) agradável para a vida do homem. Estava constituído o ambiente natural clímax, as florestas. A natureza conseguiu com maestria desenvolver um ambiente inóspito para a vida em ambiente altamente hospitaleiro para a espécie humana. Esse tipo de desenvolvimento constitui o referencial para o verdadeiro desenvolvimento. E os ambientes naturais primário e clímax constituem os referenciais mais importantes para o desenvolvimento tecnológico e de técnicas agrícolas realmente desenvolvimentistas. Não se pode de maneira alguma realizar manejos ambientais que gerem características de ambiente primário (solo impermeável, seco e quente), permitindo-se assim a vida de um maior número de espécies e indivíduos por unidade de superfície, em especial porque conseguia conservar mais água residente, e reduzir suas perdas ao reduzir a temperatura ambiente (o contrário do aumento do efeito estufa). Em resumo, o desenvolvimento de um local ocorre quando aumenta a água residente em solo permeável, protegido por cobertura vegetal permanente diversificada, com seus restos vegetais e sua atividade radicular diversificada. O mesmo mecanismo que a natureza aciona na recuperação de uma área agrícola degradada, colocada em pousio durante 4 a 8 anos, para a formação de capoeira. A infraestrutura ambiental é constituída, assim, pelo tripé fundamentado na água que “mora no solo” (residente, que alimenta nascentes e poços, não enchentes), solo “esponja” (permeável) e áreas verdes arborizadas (vegetação permanente diversificada), resultando em mesoclima atenuado (temperatura e umidade relativa do ar propícias ao bem-estar do maior número de espécies vivas, vegetais e animais). Por exemplo, ao se transformar uma área verde de um lote urbano em área construída ou um cimentado, regride-se ecologicamente para um ambiente com características de natural primário, rochoso, ou seja, destrói-se quatro dias de criação, de infraestruturas e de serviços ecossistêmicos que garantem a qualidade de vida e a capacidade de produção do ambiente.

A fixação do excesso de CO2 – gás carbônico – na atmosfera original, tanto por meio de transformação (precipitação) e armazenamento na forma de carbonatos ou rochas carbonatadas – como as rochas calcárias e mármores, ou os carbonatos das águas marinhas, e outras formas –, como a dos vegetais transformados, que atualmente conhecemos como minas de carvão e poços de petróleo, permitiu que a camada de efeito estufa, que protegia a superfície da terra contra o esfriamento noturno, ficasse menos espessa, retendo menos calor, reduzindo o desconforto para a vida de espécies mais sensíveis, e diminuindo a necessidade de vaporizar (evapotranspirar) água para retirar calor do ar da atmosfera. Assim, reduziu a demanda da atmosfera por água, sobrando mais água no solo e na vegetação, além de permitir o armazenamento de muita água doce em forma mais leve, o gelo, nas geleiras, nas grandes altitudes e nos polos, exercendo menos pressão sobre as placas tectônicas (verdadeiras “pranchas de surfe” com as quais os continentes se movimentam sobre o magma) e destas sobre o magma, propiciando menor atividade vulcânica terrestre e submarina, e menos acomodações terrestres ou terremotos. O armazenamento dessa água na forma de geleiras em altitudes permite o fornecimento de água para plantas e animais nos locais áridos do alto das montanhas, e, pelo escoamento lento e gradativo de água, forma cursos de água também em regiões desérticas do globo. As geleiras dos Andes alimentam cursos de água tanto de regiões desérticas da Argentina (a cidade de Mendoza vive de água de degelo, e as árvores ali plantadas, e irrigadas com essa água, vaporizam água no ar da cidade, permitindo uma qualidade de vida melhor para a população, melhorando a umidade relativa do ar), do Chile e do Peru, como também da bacia amazônica, rica em chuvas. A redução da concentração de CO2 permitiu também que as lâminas foliares dos vegetais, antes pequenas, pudessem expandir-se, permitindo a captura de mais energia solar pelas plantas. E também que espécies mais lentas em seu desenvolvimento, como as árvores, pudessem persistir sem problemas, por exemplo, sem serem incomodadas ou prejudicadas ou mesmo destruídas por lianas ou cipós. Os cipós têm seu desenvolvimento estimulado quando aumenta o gás carbônico no ar, e precisam ser controlados em matas de regiões com solos profundos e que passam por período seco (matas mesófilas semidecíduas ou decíduas); isso porque os cipós conseguem buscar água em profundidade, e têm velocidade de desenvolvimento maior que a da maioria das árvores.

A biodiversidade tornou-se maior, em especial na região tropical com suas temperaturas mais elevadas, em regiões onde ocorrem solos de baixa a média fertilidade química natural e baixa capacidade de retenção de água, de modo que essa variabilidade pode ser alterada pela presença de materiais orgânicos, e pela profundidade dos solos e pelo lençol freático. Dessa maneira, encontra-se enorme diversidade de habitats (moradias, ou cantos para ficar) do meio abiótico gerado pela interação entre fertilidade do solo, matéria orgânica, temperatura do solo, cargas elétricas permanentes, capacidade de retenção de água, profundidade do lençol freático, altitude e outros fatores. E a diversidade de espécies, incluindo as árvores, gera outra série (quantidade) de habitats emergentes para o estabelecimento de novas espécies vegetais. Essa elevada biodiversidade da flora gera uma equivalente de fauna herbívora e carnívora, cuja função é manter o equilíbrio de populações vegetais e animais, ou seja, de predadores ou inimigos naturais, eliminando os indivíduos mais fracos e velhos (processo normal de fortalecimento da cadeia alimentar, e que pode parecer cruel), deixando em paz os indivíduos mais vigorosos e adaptados às condições oferecidas pelo ambiente. Selecionando aqueles que conseguem expressar de forma adequada seu programa genético de defesa, de produção e de reprodução. Muitos vegetais possuem mecanismos de defesa química de forma localizada e de precisão, gerando as fitoalexinas (substâncias químicas de defesa) em alta concentração somente nos tecidos afetados. É um verdadeiro controle de precisão, que a agricultura de precisão procura imitar para reduzir os impactos ambientais nocivos.

Deve-se dar destaque ao fato de que solos em clima temperado, em geral, são mais jovens, mais férteis, mais rasos (a velocidade de formação de solos nos climas temperados é muito mais lenta que nas regiões tropicais), com lençol freático mais superficial, além de possuírem elevada concentração de cargas elétricas permanentes (“cabides”) para reter cátions (nutrientes como cálcio e potássio), com maior capacidade de armazenamento de água, e muitas vezes com problemas de drenagem. Nas regiões onde ocorre congelamento do solo no inverno, há necessidade de revolver o solo, para acelerar seu aquecimento e degelo e, assim, aumentar o período agricultável de, por exemplo, 90 para 110 dias. Nos trópicos, em que a lixiviação em geral é maior (exceto nas regiões secas) que a evaporação, os solos podem ser mais profundos, lixiviados, pobres quimicamente, com boa drenagem, lençol freático mais profundo, com baixa capacidade de armazenamento de água disponível, e poucas cargas elétricas permanentes. Nesse caso, a análise das características químicas do solo na camada de 0 cm a 20 cm pode não refletir a capacidade de suporte biológico de um local, como no caso de grandes áreas de solos arenosos pobres da Amazônia. Nesses casos, o teor de material orgânico e a atividade biológica associada têm papel determinante, e um local que possui elevada biodiversidade vegetal e micro e mesobiota associada é detentor potencial de maior capacidade de suporte biológico. Uma análise química de nutrientes imobilizados pela biomassa microbiana, pelas raízes, pelas coroas e pelos restos vegetais, cuidadosamente retirados no preparo rotineiro de uma amostra de terra, necessitaria ser considerada, para prever a capacidade de produção do local. E como a água constitui dos nutrientes mais importantes, e que pode ser retirada de profundidades abaixo de 100 cm, quando não houver limitações físicas (compactações), químicas (alto teor de alumínio trocável – que geralmente ocorre em ambiente com deficiência múltipla de nutrientes essenciais –, falta de nutrientes como cálcio e boro, presença de resíduos de herbicidas) ou biológicas (em virtude da falta de inimigos naturais ou de condições nutricionais, ampliando o dano causado pela presença de nematoides em solos arenosos, e que constituem verdadeiras “lombrigas” dos “intestinos” das plantas, a presença de larvas de insetos como os corós, a presença de cupins, a presença de fungos e bactérias que atacam plantas que sofrem com restrição de oxigênio para suas raízes por causa do encharcamento ou da compactação do solo, e outros, todos eles reduzindo ou destruindo as raízes das plantas, seus “intestinos” e “pulmões”) ao desenvolvimento das raízes, deveria ser considerada a profundidade do solo e sua capacidade em armazenar e disponibilizar água. Por exemplo, solos com horizonte B textural (seria uma camada de argila, mais impermeável, como aquela que os trabalhadores das olarias e cerâmicas usam para fabricar tijolos e telhas) em 80 cm a 100 cm, mesmo tendo fertilidade química menor, podem gerar produções agrícolas maiores que solos mais férteis e profundos, porém com menos água disponível, potencializada pelo agravamento da temperatura, quando o solo não é protegido da radiação solar direta.

Um outro ponto a lembrar é que solos de clima temperado são geralmente mais férteis e têm lençol freático (de água residente) em geral mais superficial, tendo maior teor de argila com elevada atividade elétrica (grande concentração de cargas negativas permanentes que atuam como “cabides” para segurar os nutrientes essenciais das plantas que têm carga positiva, como o cálcio, o magnésio, o potássio, o amônio, o cobre, o zinco, o ferro, o manganês), exibem superfície específica de contato maior (pois tem maior conteúdo de argila, partículas pequenas como as da poeira, que de areia, partículas maiores), não apresentam essa grande variabilidade de habitats abióticos como nas regiões tropicais, levando ao desenvolvimento de ecossistemas com poucas espécies vegetais, ou mesmo bosques de uma só espécie, e que não se autointoxicam por seus exsudatos, por causa da grande superfície específica das argilas (estas adsorvem as substâncias tóxicas da mesma maneira que o carvão ativado para combater gases no trato digestivo, ou as raízes de aguapé usadas no tratamento de água que contém muitas substâncias orgânicas e minerais tóxicas), ou a mesma argila que os animais da selva amazônica – como araras e macacos – vão procurar e ingerir para não se intoxicar com substâncias de certas frutas de que se alimentam, e da baixa atividade metabólica das plantas em ambientes frios, de desenvolvimento muito lento. O calor já estimula o crescimento e desenvolvimento das plantas, desde que encontrem água. Mas o calor em excesso faz mal. A fotossíntese pode ser prejudicada com temperaturas acima de 37 °C, em espécies tropicais.

Nos trópicos, verifica-se que as árvores, normalmente excelentes vaporizadores e umidificadores do ar, e que assim retiram calor do ar e geram sombras frescas, podem produzir sombra mais quente quando não encontram água suficiente no solo para ser transpirada, como em praças urbanas com solo impermeabilizado, impedindo a reposição de água do lençol freático. Em regiões com seca prolongada, como no Cerrado, as árvores com sistema radicular mais superficial, em situação crítica, descartam as folhas (plantas decíduas), como observado em reservas de matas mesófilas semidecíduas. Verificou-se que em situações muito adversas com relação à água disponível e temperaturas elevadas, como no Saara, árvores exóticas (não nativas) de desenvolvimento rápido, atuando como barreiras quebra-ventos, reduzindo a movimentação da areia quente das dunas e lançando sombra sobre o solo, além de condensar água sobre a superfície foliar durante as horas frias da noite e que era evaporada ao longo do dia, permitiu o aparecimento de plantas nativas. Repararam nas funções realizadas pelas árvores? A função quebra-ventos? É importante para reduzir a perda de água de pastagens e de lavouras. E para reduzir o tempo em que as folhas ficam murchas nas horas quentes do dia, sem fazer fotossíntese, sem produzir? A função sombra? Sombra tão essencial para a eficiência de sistemas de produção intensiva de animais, como de bovinos de leite e de carne.

Agricultura no ambiente brasileiro

A agricultura praticada pelos indígenas ocorria de forma itinerante, na qual, após a abertura de uma pequena área de mata, e após a limpeza com uso de fogo, ocorria plantio de espécies vegetais úteis, como mandioca, sobre as melhores manchas de solo da região. Havia solo “gordo” e o “bafo do mato”, ou seja, havia fertilidade no solo e o ar era mais úmido e quente, sem ventos. Tão logo o solo perdia a fertilidade, a “gordura”, era abandonado, para ser recuperado pela capoeira (protegido da chuva e do sol diretos, enriquecido com matéria orgânica, permeabilizado), após a qual novamente podia ser utilizado para atividades agrícolas. No Brasil, a matéria orgânica do solo é a chave do sucesso de qualquer produção agropecuária ou ecossistema natural, pois dela depende de 50% a 90% da fertilidade do solo e a energia para a biota útil do solo. Em muitas regiões do Brasil, mesmo altamente tecnificada, essa agricultura itinerante lamentavelmente ainda é praticada, e em grande extensão: abandona-se a área degradada e derrubam-se novas áreas de mata, até acabarem. Aí, com todos os solos degradados, sem capacidade para produzir alimentos e água de nascentes e poços, qual seria a solução? Não se pode chegar a esse ponto. Para evitar isso, existe a educação ambiental, para que todos se conscientizem das leis da natureza, dos processos naturais que precisam ser copiados e atendidos, e todos colaborem para garantir o sustento em alimento e água da comunidade de uma região, e da nação. A infraestrutura ambiental que possibilita serviços ecossistêmicos essenciais (umidificação do ar, estabilização da temperatura, facilitação de chuvas, polinização, controle de pragas e outros) necessita ser preservada para garantir a vida futura, e a produtividade de água e de alimentos.

Com a vinda dos europeus, a agricultura no Brasil seguiu dois modelos distintos, à semelhança dos EUA, além da pecuária extensiva que abria e ocupava grandes espaços geográficos do Nordeste ao Sul do País. Em ambos os países, nas regiões com colonização do tipo povoamento – cujo foco era o bem-estar da família e da comunidade –, foi desenvolvida uma agricultura diversificada, em que ocorria agregação de valor por conta da conservação de alimentos para os períodos de entressafra. Só o sal era comprado fora. Tudo era produzido no local. Associadas a essa produção diversificada, desenvolveram-se diversas atividades artesanais de produção de ferramentas e de máquinas, e de comércio diversificado do excedente, com posterior desenvolvimento de atividades industriais intensas, e atividades educacionais (profissionalizante, musical, religiosa, cultural, artes manuais, línguas e jardinagem), e de capacitação da mão de obra para a demanda do momento e de lazer. Essas regiões desenvolveram de forma mais sustentável e com total inclusão social. O dinheiro era simples elemento facilitador de trocas. Garantiram primeiro os alimentos, a água e a energia para suas famílias e comunidades. Atualmente, grande parte das grandes cidades agrícolas não produz 5% de seus alimentos, importam de outras regiões. Será isso uma política correta, sustentável? Quanto se gasta de combustível fóssil para o transporte? Houve, porém, também as regiões em que foi realizada a colonização do tipo exploração, cujo foco era somente ganhar dinheiro com extensas áreas de monocultivos, conduzidos por mão de obra escrava, em que se geravam produtos agrícolas (geralmente não alimentos), sem valor agregado, para a exportação. Nessas regiões ocorreram curtos períodos áureos quanto ao aspecto econômico, seguidos por períodos de miséria. Não houve desenvolvimento sustentável nessas regiões, com elevada exclusão social, baixa escolaridade e capacitação tecnológica.

As práticas agrícolas utilizadas eram aquelas importadas de clima temperado, aceleradas pelas práticas indígenas na abertura de novas áreas, em que se usava o fogo. Era retirada totalmente a cobertura vegetal permanente (os elementos vaporizadores hidrotermorreguladores ambientais), e em seguida queimavam-se os restos vegetais e a serapilheira (produção de calor e emissão do gás de efeito estufa CO2), protetores dos solos permeáveis. Inicialmente, os solos utilizados para atividades agrícolas eram aqueles naturalmente mais férteis. Em geral, logo após a derrubada, apareciam novas nascentes no local. Nascentes de água que antes era ciclada pelas árvores e que garantiam o mesoclima mais úmido e fresco e os chuviscos. Agora, sem as árvores, essa água residente em excesso escoava definitivamente para fora do local. O solo era revolvido, com o argumento da necessidade de enterrio da vegetação espontânea (invasoras), que são adaptadas ao local. Esse revolvimento oxidava e reduzia o teor de matéria orgânica dos originais 3,5% a 4,0% para menos de 2,0% (na forma de emissão de enormes quantidades de CO2), e mais rapidamente quando era utilizado calcário (outra fonte de CO2, do carbonato, de carbono fóssil como o do petróleo e do carvão mineral) para corrigir a acidez do solo (é parecido com o que se faz quando se tem azia no estomago – não adianta ter um banquete na mesa, não estaremos bem enquanto não tomarmos um antiácido; o estômago nas plantas é aquela camada fina de terra em torno das raízes, onde os nutrientes são solubilizados), e que acelerava esse processo de oxidação. As culturas eram mantidas no limpo, de modo que o solo era exposto continuamente à ação do sol e das chuvas tropicais intensas, de ação compactadora, até as culturas conseguirem a cobertura completa pela área foliar. De acordo com o estado e o grau de agregação das partículas sólidas do solo, logo era formada uma crosta superficial, de terra compactada. Formava-se uma barreira contra a infiltração de água das chuvas, que deveriam renovar os estoques do lençol freático. A água, sem poder infiltrar, agora direcionada para um ciclo mais curto, escoava rapidamente pela rede de drenagem da bacia hidrográfica, geralmente com o carreamento de partículas sólidas ou erosão (podendo formar as voçorocas), e que iria assorear o primeiro corpo d’água que encontrasse: lagoa, açude ou córrego, reduzindo sua capacidade armazenadora de água, por exemplo, para abastecimento e irrigação, e mesmo sua capacidade de navegação e de geração de energia hidroelétrica. Dependendo da declividade do terreno, não havia faixa de mata ciliar que pudesse reter essas partículas sólidas. Era simplesmente assoreada também, e o excedente era lançado nos corpos d’água. E se o volume de água escoada era grande, provocava enchentes. Enchentes que, com a ampliação das áreas agrícolas na área de captação de água da bacia hidrográfica, arrastavam barragens, pontes, casas e bairros, e inundavam pequenas cidades. O solo exposto aquecido a mais de 33 °C impedia que a atividade radicular ocorresse na superfície, em contato com oxigênio do ar, deixando de realizar a descompactação da superfície do solo. Enquanto o solo era um tipo de Latossolo (solos vermelhos, ricos em ferro) com elevado estado e grau de agregação das partículas sólidas (solo encaroçado), o processo de degradação demorava alguns anos. Porém, quando, com a expansão da fronteira agrícola para solos pobres e mais frágeis estruturalmente como os solos mais arenosos do Cerrado, como aqueles com até 25% de argila, mesmo coberto por exuberante cerradão transformado em lavoura, a degradação do solo, com direito a encrostamentos e voçorocas, ocorria em menos de 7 meses, contra os 50 anos necessários em região de clima temperado.

O primeiro plantador de soja na região de Rio Brilhante, GO, contou que inicialmente sua soja permanecia com as folhas túrgidas (não murchavam), mesmo nas horas mais quentes do dia, e a vazão dos cursos de água era constante ao longo do ano. Com a gradual substituição da vegetação de Cerrado, que protegia o solo permeável e umedecia o ar, por mais lavouras de soja pelos vizinhos, transformando a matriz florestal (considera-se o efeito de entorno) em que sua lavoura estava inserida, com serviços ecossistêmicos mais atuantes, em matriz agrícola com serviços ecossistêmicos menos atuantes em função de sistema radicular mais superficial das lavouras, sua soja iniciou a mostrar folhas murchas nas horas mais quentes do dia, iniciando com meia hora, uma hora e finalmente três horas por dia, justamente no período de maior disponibilidade de radiação solar fotossinteticamente ativa. As plantas paravam de acumular energia do sol (fotossintetizar), por falta de água. Falta de água no ar e no solo. E essa falta de água agravava com solo quente, com mais de 33 °C. Solo desprotegido da ação do sol. As brisas e os ventos fracos que apareciam após as 9h30 com a ampliação das lavouras com solo exposto e de fácil aquecimento, e sem as plantas transpiradoras e umidificadoras de ar do Cerrado, roubavam mais água do ambiente – prejuízo. A vazão dos cursos d’água começou a variar, sendo muito maior no período das chuvas e muito menor no da seca. Os períodos de veranico aumentavam. As brisas aumentavam. O calor aumentava. Um tipo de aquecimento local. A umidade relativa do ar caía. O solo exposto no verão, sem cobertura vegetal viva ou morta, começava a gerar térmicas na forma visível de redemoinhos, “filhotes de tornados”. E conforme a área agrícola ia expandindo, formando um mar de lavoura, sem nenhuma barreira quebra-ventos, sem nenhum bosque umidificador, ampliava-se a superfície produtora dessas massas de ar quente ascendentes, e as chuvas de verão, inicialmente mais frequentes e leves, começaram a se tornar mais concentradas e erosivas, difíceis de serem absorvidas pelo solo encrostado, impermeabilizado. Essa situação se agravou quando, em lavouras de cultivo convencional, deixou-se de usar o cultivador (o cultivador quebrava o encrostamento e permitia a maior acesso de oxigênio para as raízes, o que não ocorre quando se usa a capina química – uso de herbicidas). No Sistema Plantio Direto na palha, os resíduos vegetais devem proteger o solo contra a compactação superficial. Nesse contraste de matas e lavouras, surgiu o dito popular de que áreas de mata e até mesmo de Cerrado “atraíam” chuvas. É de conhecimento geral, porém, que as áreas de mata, menos refletoras de calor e não produtoras de térmicas, permitem a queda de chuva de verão de nuvens mais fracas. Contudo, verifica-se também que grandes clareiras (para estabelecer lavouras ou pastagens ou mineração a céu aberto) dentro de uma área de floresta (matriz florestal) geram mais calor, e “sugam” umidade da floresta no entorno, formando nuvens carregadas que geram pancadas de chuvas erosivas e difíceis de infiltrarem no solo, escoando e ressecando a área, inclusive de beira de floresta, à semelhança do efeito das “ilhas de calor” nas grandes cidades. São mecanismos que a natureza utiliza para tentar reduzir o calor gerado pelas áreas degradadas. Alguém poderia perguntar: o que são áreas degradadas? São todas aquelas em que os serviços ecossistêmicos são reduzidos ou desligados. Sintomas? Começa-se com a prática de deixar o solo sem ocupação e cobertura vegetal e a formação de crosta superficial. Erosão e voçorocas são sintomas avançados de degradação. Quando o solo deixa de ser permeável e deixa de armazenar a água da chuva, junto com a vegetação que intercepta parte dela, e quando a água da chuva é impedida de repor o estoque de água do lençol freático e do aqüífero, ela está degradada. O simples solo pisado, sem proteção, mesmo estando debaixo de uma mangueira, mas cujas folhas foram varridas e queimadas, é sinal de degradação. Uma área com solo de primeira, permeável, mas coberto com camada de asfalto ou de calçada com material de primeira ou com construção de alto luxo, ecologicamente é área degradada, pois não consegue realizar os serviços ecossistêmicos essenciais à vida e à produção.

Por outro lado, há informações de que a ampliação da fronteira agrícola com manutenção de faixas da vegetação nativa resultou em produtividades superiores às que seriam obtidas se toda a área fosse cultivada. As faixas de vegetação nativa constituíam áreas com solo permeável, permitindo a reposição do nível do lençol freático com água das chuvas, áreas com vaporizadores hidrotermorreguladores, que aumentavam a umidade relativa do ar e assim reduziam as temperaturas muito elevadas; essas faixas ainda atuavam com barreiras quebra-ventos, e também como refúgios para polinizadores e para inimigos naturais (predadores) de parasitas e de patógenos vegetais, fatores que no conjunto beneficiavam a cultura de valor econômico. Dessa forma, sugere-se a manutenção das faixas agricultáveis de 100 m, intercaladas por faixas de no mínimo 30 m de espécies arbóreas (podendo ser frutíferas, ou algumas espécies nativas para formar corredores biológicos, ou, ainda, outras árvores de valor econômico como seringueira e até mesmo árvores para madeira ou lenha, mas que não sejam colhidas em toda a faixa de uma só vez). Não é área perdida, é área utilizada de forma inteligente e que permite o aumento da biodiversidade. A natureza retribui em dobro ou triplo. As faixas ou mesmo bosques de árvores, realizando os serviços ecossistêmicos, são como estruturas de uma casa ou edifício. Quanto mais verticalizado ou intensivo for o uso do terreno, mais reforçado deve ser essa estrutura de colunas de concreto e de paredes nos lotes urbanizados, e com árvores nos lotes rurais. Não é área perdida, é área essencial para o uso da terra, e a maior eficiência dos insumos utilizados.

Com a redução das áreas verdes e a queima dos restos vegetais, com a ampliação de solo exposto ao sol e às chuvas e sua impermeabilização, seu ressecamento e seu aquecimento, bem como com a redução da diversidade biológica natural e agrícola, começou a aumentar a presença de indivíduos mais resistentes e oportunistas para essas situações de estresse para as plantas; entre tais indivíduos estão os chamados parasitas e patógenos e também as plantas ecótipo, antigamente chamadas de invasoras ou plantas daninhas, adaptadas às condições do local numa espécie de ação da natureza na tentativa de recuperar o ecossistema natural original (as capoeiras se formam assim), resultando em abundância em água e fartura em alimentos. Eram combatidas inicialmente com métodos físicos ou químicos naturais. Conforme ia aumentando a produtividade, por conta do uso mais intenso de adubos minerais, as ferramentas de defesa da cultura principal foram substituídas gradativamente por produtos químicos, aplicados inicialmente de forma corretiva e, posteriormente, até de forma preventiva sobre a área total. E por conta da equipe de venda dos produtos, que precisavam fechar cotas de vendas, os agricultores eram induzidos a utilizar mais venenos do que o necessário: quanto maior o número de aplicações, melhor para a cultura ou, ainda, a pressão para que aproveitassem o preço, pois logo haveria aumento, era o que se difundia extraoficialmente. Porém, plantas debilitadas nutricionalmente por falta de oxigênio e de água muitas vezes podiam sofrer colapso (enfraquecer mais, amarelar e mesmo secar) por excesso de substâncias potencialmente tóxicas no seu metabolismo: efeito de trofobiose (planta fica mais doente por excesso de “remédios” aplicados sem controle e de qualquer maneira; como acontece com muita gente, que recupera a saúde quando para de tomar os medicamentos). Em sistemas de produção mais inteligentes, que seguem as normas da natureza e procuram conservar ou potencializar os processos ou serviços ambientais, como boa prática para se obter boas produções, como em plantios de pínus (e eucalipto), muitas empresas reflorestadoras estão deixando plantas nativas viverem para que formem um microclima que permita o desenvolvimento de inimigos naturais para o pulgão do pínus; ou também para que as formigas deem uma folga para o pínus e passem a “almoçá-las” no lugar dele. Em cafezais ou pomares de laranja, deixa-se o mato se desenvolver (inclusive estimulando seu desenvolvimento com adubação, como no caso do capim-braquiária) para cobrir e proteger o solo contra o impacto da chuva e o calor do sol, ciclar nutrientes e produzir material orgânico de cobertura para a época seca.

Com a modernização e tecnificação da agricultura, que reduz o contato do agricultor com a terra, em cima das grandes máquinas, que passavam rápidos dia e noite pela lavoura a perder de vista, visando à otimização administrativa do uso das máquinas e das frentes de colheita, ampliou-se ainda mais a continuidade das áreas agrícolas, sem considerar a infraestrutura ambiental e dos serviços ambientais essenciais necessários para o sucesso da atividade (solos permeáveis protegidos de chuva e insolação direta, barreiras quebra-ventos, refúgios para predadores e polinizadores e bosques vaporizadores para estabilização de temperatura e manutenção de umidade do ar). As máquinas preparadoras do solo geram superfícies impermeabilizadas entre 5 cm (grades niveladoras) e 20 cm (grades aradoras e arados de disco) de profundidade, sobre as quais normalmente acumulam as partículas de argila que são arrastadas em profundidade pela água infiltrante, formando camadas adensadas. Além da crosta que se forma na superfície (às vezes são três camadas de impedimento para a entrada no solo de água das chuvas e da irrigação). Quando se arranca uma planta de algodão, de soja ou de guaxuma que vegeta nesse solo, verifica-se que a raiz não cresce reta, mas cheia de curvas e entortamentos e, em caso extremo, formando um “L” quando a barreira física é muito intensa. Mais uma barreira para evitar a reposição do lençol freático, e também para que as raízes não se desenvolvam em profundidade. As raízes ficam confinadas entre duas camadas (crosta e 5 cm ou crosta e 15 cm a 20 cm), podendo sofrer encharcamento, falta de oxigênio e calor acima do desejável para a absorção de água e de nutrientes. A matéria orgânica enterrada (não se deve enterrar, deve-se deixar na superfície) e decomposta em condições de anaerobismo, em lugar de CO2, gera gás metano (CH4 ou gás-dos-pântanos ou gás-de-peido, inflamável; gás de efeito estufa 25 vezes mais potente em reter calorias que o CO2). O metano e outras substâncias orgânicas geradas tornam-se prejudiciais para o desenvolvimento normal da planta. A planta começa a apresentar problemas metabólicos e nutricionais, com acúmulo de nitrato, aminoácidos solúveis e açúcares redutores. Suas folhas e brotos novos tornam-se um meio de cultivo excelente (prato cheio de um “sopão” nutritivo) para nutrir indivíduos herbívoros do ecossistema, potenciais patógenos e parasitas que, estando bem nutridos, aumentam sua taxa de crescimento e de desenvolvimento, sua prolificidade, e reduzem sua idade de maturidade sexual, gerando um surto de ataque de pragas ou doenças por vezes com danos econômicos: na realidade, constitui um simples sinal ecológico de que a planta atacada não está encontrando condições adequadas para subsistir e expressar seu potencial genético de produção e defesa, sendo agravado pelo fato de não haver inimigos naturais (predadores) em quantidades suficientes para seu controle. Do ponto de vista ecológico, a planta atacada precisava ser decomposta ou reciclada para dar lugar a outros indivíduos mais adaptados ao local. Inicia-se o período de intoxicações e mortes, inclusive dos seres humanos, no ambiente agrícola, e a poluição do solo, da água, do ar e dos alimentos. Bem como a geração de embalagens de produtos químicos. Os eventos crescentes de ocorrências danosas de populações parasitas (pragas) e patógenas (doenças) sinalizam graves distúrbios na infraestrutura ambiental (e na consequente redução de serviços ecossistêmicos essenciais) e na falta de adequação da espécie plantada a esse ambiente que garantiria, assim, produção agrícola mais eficiente, sustentável e competitiva, tendo como premissa o uso racional de insumos, e que poderia resultar em menor perigo de contaminação ambiental. A biodiversidade seria uma ferramenta-chave para contornar o problema.

Com uso mais intenso de adubos minerais, confinados entre duas camadas impermeáveis na superfície do solo quente e ressecado, aumenta-se a salinidade e reduz-se o volume do sistema radicular, o qual pode se tornar insuficiente para atender à demanda da parte aérea produtiva por água. Irrigação foi a grande solução imediatista. Mas onde está a água superficial? Em muitos lugares o sistema de irrigação não pode mais depender da água superficial, com vazão muito variável, ou com os corpos de água assoreados. Precisa-se buscar água do aquífero, também finito, e com muitas de suas áreas de recarga impermeabilizadas ou que estão sob o uso de agrotóxicos, ou, ainda, que estão ocupadas por construções em áreas urbanas com suas fossas e lixões. A recarga dos aquíferos, através da rocha, dependendo da espessura da rocha e de sua fragmentação, pode levar de 30 a 500 anos. Nas áreas de recarga afloradas, a reposição é imediata, se o solo não estiver impermeabilizado. Em muitos casos a irrigação trouxe resultados surpreendentes: com o encrostamento superficial do solo, a água logo escorria superficialmente, exigindo redução do tempo de rega e aumento de sua frequência de aplicação. E mais – em solo muito adensado, com porcentagem de macroporos muito menor que 10%, a água de irrigação provocava falta de oxigênio para as raízes e murchamento das folhas das culturas. Aumentavam os períodos de anaerobiose (falta de ar) do solo; os adubos nitrogenados incorporados ao solo, se fossem verdes (adubos verdes, leguminosas), orgânicos (dejetos animais, compostos) ou minerais (adubos químicos), sofriam denitrificação, com geração de óxido nitroso (N2O), gás de efeito estufa 250 vezes mais potente para refletir de volta a radiação calorífica, infravermelha ou de ondas longas do que o CO2. Por um lado, a irrigação realizada em solo protegido por restos vegetais, de natureza mais permeável, pode promover a lixiviação também de nitrato, quando a densidade de plantas e raízes na área for pequena e superficial para recuperar esse nutriente (a biodiversidade contorna o problema). Mas, por outro lado, a proteção do solo com restos vegetais permite reduzir a necessidade de irrigação e de energia gasta para acionar as bombas em até metade.

Notícias recentes informam algo que já se esperava há tempos, por questão de lógica. Com a ampliação das atividades agrícolas, sem respeitar a manutenção de uma infraestrutura ambiental e dos serviços ambientais essenciais, derrubando toda a vegetação permanente arbórea em vastas áreas, impermeabilizando o solo, sem permitir a reposição da água do lençol freático – fonte de água das nascentes –, as nascentes de grandes rios nacionais que dependem da área de captação do Cerrado começam a reduzir sua vazão, quase secando. Muitos cursos d’água na realidade já foram assoreados e mortos pelo Brasil afora: Nordeste, Sudeste e agora Centro-Oeste, com o caso mais difundido do Pantanal. Embora as chuvas anuais continuem sendo as mesmas, a água residente vem diminuindo assustadoramente. A água residente, que a natureza procura manter com todos os seus esforços, pois dela depende a produção eficiente de biomassa vegetal (também das lavouras e das forragens para as criações), constitui elo primário da cadeia alimentar da qual o ser humano faz parte e depende direta ou indiretamente. Da água depende a vida; dela depende a produtividade pastoril, florestal e agrícola, com preços competitivos no mercado; depende também a qualidade do clima local (mesoclima). Da água depende, ainda, a manutenção dos remanescentes de ecossistemas naturais destinados ao ecoturismo. Dela depende o sucesso do comércio. Dela depende o sucesso do sistema econômico. Espera-se que essa euforia do agronegócio com práticas de manejo inconsequentes, que não respeitam as leis da natureza (muito mais rigorosas que as leis ambientais criadas pelo homem), não seja o prenúncio da grande catástrofe. Sem águas superficiais e nem subterrâneas, sem produção agrícola e sem ecoturismo, o Brasil teria o que para exportar? Na Austrália, onde os solos agricultáveis estão sofrendo salinização, existe incentivo à revegetação de áreas e reinstalação da fauna silvestre, como também incentivo ao ecoturismo, mais lucrativo que a produção de commodities agrícolas sem valor agregado para fins de exportação, ou geração de divisas, sem qualidade de vida para as comunidades e a nação. O Estado do Rio Grande do Sul é um exemplo de manejo agrícola a ser repensado. É um dos três estados sulistas que possui melhor distribuição de chuvas no território brasileiro. Mas mesmo assim, os eventos de enchentes e de seca grave vêm aumentando em frequência e intensidade. Por que, se o regime de chuvas é o melhor do País? O mesmo vem ocorrendo também no Estado de Santa Catarina.

Educação ambiental para a sustentabilidade do ambiente agrícola

A educação ambiental, termo surgido nos anos 1970, visava a sensibilizar a população humana sobre a necessidade de se proteger o “meio ambiente” para garantir um desenvolvimento sustentável para a geração atual e as futuras. Ao se analisar o que essa terminologia realmente significa, verificou-se que, embora “meio” seja sinônimo de ambiente, os primeiros ativistas ambientais eram os biólogos e ecólogos, defendendo os ambientes naturais clímax, os ecossistemas naturais, a biodiversidade para a qual se dava algum valor econômico. Posteriormente, os engenheiros sanitaristas levantaram as vozes em alerta para os problemas da produção excessiva de resíduos sólidos, líquidos (esgotos) e gasosos nos ambientes urbanizados, sugerindo o procedimento 3R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) para os lixos sólidos, e o tratamento de esgotos domésticos e industriais, bem como o controle das fumaças e gases que afetavam o sistema respiratório da população e os gases que originavam as chuvas ácidas: a poluição de água, ar, solo e alimentos. Chuvas ácidas estas que, matando a cobertura vegetal de encostas, como as de Cubatão, podem resultar em deslizamentos de encostas. Mas considerando que no Brasil não amazônico restam em torno de 5% de remanescentes ambientes naturais clímax dos ecossistemas originais, e que, com os ambientes urbanizados, não fechavam 30% do território, sobrando mais de 70% de ambientes agrícolas, 60% dos quais são pastagens exclusivas, a maior parte manejada de forma extensiva, cobrindo uma área de 190 milhões de hectares (contra 11 milhões na Índia, com quase o mesmo rebanho bovino, mas que possui 162 milhões de hectares em lavouras, contra 70 milhões no Brasil), 70% das quais apresentando algum grau de degradação e abandono, de modo a continuar exercendo pressão para a incorporação de novas áreas de ambientes naturais clímax, ou florestas. Verificou-se que nesse ambiente agrícola os engenheiros-agrônomos já praticavam a educação ambiental nos idos dos anos 1950, nas grandes campanhas de conservação de solo e de água (atualmente deve ser incluída a conservação de árvores). Práticas vegetativas e mecânicas, procurando reduzir ao máximo as perdas de águas pluviais, alimentando o lençol freático, de modo que a área se constituísse em produtora de água de nascentes (água residente), e não de enchentes. Com direito a quebra-ventos, refúgio para insetos polinizadores, predadores de pragas e doenças, bosques umidificadores, e sombras para os animais. O programa de bacias hidrográficas visava a procedimentos de conservação de água, solo e árvores de forma mais planejada e integrada, lamentavelmente muito bem executado apenas no Estado do Paraná.

Ao visitar um estabelecimento agrícola localizado em uma bacia hidrográfica, verifica-se que ocorre a necessidade de manejo não somente do “meio” ambiente, mas de três ambientes integrados pela rede de drenagem e pelos corpos d’água:

1) O ambiente natural clímax, representado pelas reservas legais, as matas ciliares, e outras áreas de proteção permanente, e possivelmente até um ambiente natural primário (local de afloramento de rochas). O ambiente natural primário, rochoso, e que deveria ser considerado como referência para as características ambientais que não desejamos, faz lembrar o que realmente significa desenvolvimento, e qual seria o resultado de atividades caracterizadas por regressão ecológica (troca de características do ambiente natural clímax para o ambiente natural primário), como a impermeabilização, o adensamento ou a compactação de solos, tornando-os duros como pedra, ou permitindo sua decapitação, o que resulta no afloramento da rocha matriz (como o “crescimento” de pedras, em lavouras estabelecidas em locais de grande declividade).

2) O ambiente urbanizado, caracterizado pela sede da propriedade, as estradas asfaltadas, a colônia, a agroindústria, os confinamentos, as salas de ordenha, as oficinas, a serraria e outras instalações, com produção de lixo e esgotos, e ocorrência de grandes superfícies irradiadoras de calor.

3) O ambiente agrícola, gerador de renda, com as lavouras, reflorestamentos e pastagens, e com uso de insumos, como adubos, água, agrotóxicos, quimioterápicos, e produção de lixo veterinário, descarte de embalagens de agrotóxicos, produção de gases de efeito estufa (CO2, CH4, N2O) nas queimadas, tombamentos (aração) de solo, calagens, criação de ruminantes (metano ruminal), enterrio de material orgânico e de adubos nitrogenados, em solos com drenagem deficiente, nos períodos de chuva ou sob irrigação.

Com respeito ao termo desenvolvimento sustentável, verifica-se que o desenvolvimento realizado atualmente em grande escala representa genericamente uma clara regressão ecológica. E por uma questão muito simples: ainda não foi definida a proporção dos componentes econômico, social e ambiental que devem resultar em ações sustentáveis. Qual deveria ser essa proporção? Um terço para cada componente? Atualmente vivencia-se a predominância do aspecto econômico (99,9%) às custas do componente social e do ambiental. Conservação ou recuperação ambiental custa, e reduziria os ganhos fáceis e a capacidade competitiva em curto prazo, quando comparado com a produção depredadora de ambiente e do trabalho humano. Atividades agrícolas extrativistas predadoras se enquadram melhor em uma demanda por lucro fácil e rápido. Mas e a sustentabilidade? Essa visão realmente parece ser troglodita ou fundamentalista, e por isso não é aceitável para muitos técnicos especializados em produção agrícola. Porém, todo industrial sabe que necessita parar sua indústria para atividades de manutenção. E de manutenção também de seu galpão, que protege e condiciona o ambiente que envolve as máquinas sofisticadas e robotizadas, que geram a renda. Não é o galpão que gera a renda. Mas ele protege os equipamentos, e seus operadores, que geram a renda com eficiência. O galpão constitui uma infraestrutura importante para o bom funcionamento dos equipamentos de produção e dos especialistas que os operam, contra calor, poeira, chuvas intensas, baixa umidade relativa do ar, etc. Assim a infraestrutura ambiental é o alicerce para a produtividade agrícola ótima e duradoura, e necessita ser conservada ou recuperada. Estudos realizados no projeto Paraná-Rural, dos anos 1990, mostraram que as regiões socioeconômicas superiores coincidiam com ambientes mais conservados e com maior potencial produtivo, além de população mais educada, capacitada, que entende o que deve ser feito. Assim, se considerarmos duas opções ambientais, o centro do Saara ou da mata amazônica, qual se escolheria para passar as férias junto com elevada soma em dinheiro durante 30 dias? Certamente em nenhum dos casos o dinheiro serviria para alguma coisa. Assim, surge um novo enfoque para o termo sustentabilidade: o de ações que visam à qualidade de vida da população, potencialmente consumidora, alicerçada em um ambiente com elevada qualidade ou disponibilidade de infraestrutura ambiental garantida e com serviços ambientais essenciais funcionando, resultando na interação de ambos, com qualidade, automaticamente num aspecto econômico altamente favorável. Ou seja, em qual dos ambientes o resultado econômico deverá ser elevado: no ambiente natural primário ou no que foi degradado para tal, ou num ambiente natural clímax? Assim, sugere-se que o componente ambiental seja contemplado com prioridade de 50–60%, o social (parte do ambiental) com 30–40%, e o econômico com 10%, para que a sustentabilidade das atividades agrícolas seja realmente garantida, assim como a das comunidades que dela vivem. Para curiosidade, a preocupação com a sustentabilidade surgiu primeiramente na área de silvicultura na região da Saxônia (Alemanha) em 1442. O termo foi cunhado e impresso pela primeira vez em 1660 na Alemanha e independentemente em 1666 no Japão, também um país que havia devastado suas florestas, talvez de forma mais racional – pois visava a algum uso da madeira – do que o que está ocorrendo no Brasil na atualidade. Aqui se devasta simplesmente para valorizar a terra, e a madeira de lei vira gás de efeito estufa, tornando nosso país o quarto maior poluidor do mundo. O corte de florestas foi muito radical para atender à demanda por madeira das minas de sal-gema (no Japão a grande demandante foi a construção civil) e começou a faltar madeira para outras atividades. E lá uma muda de árvore só dá corte com 120 anos (duas gerações). O que se faz nesse espaço de tempo? Sem madeira, sem renda, sem trabalho, e nem qualidade ambiental, porque áreas desprovidas de florestas, mesmo em clima temperado, sofriam com processos intensos de erosão e de enchentes, com impactos sobre a qualidade de vida. Então desenvolveram protocolos de produção de madeira para que houvesse renda anual, trabalho anual e conservação dos recursos naturais e qualidade de vida, para a geração atual e futura. Isso significa sustentabilidade no verdadeiro sentido. E considera um espaço de tempo de no mínimo 120 anos.

Deve-se deixar claro que existem normas (fundamentos ecológicos) a serem seguidas, como aquelas que a natureza usa para desenvolver um ambiente produtivo e cheio de vida, e que a legislação ambiental procura resguardar de certa forma, e que exigem um esforço conjunto e integrado de todos, e em escala nacional, para garantir uma matriz ambiental (efeito de entorno) com qualidade adequada para a vida e a produção. De todos os sete elementos da natureza: energia, água, ar, solo, flora, fauna e homem. Cada qual realizando sua função. Sem falhar, para não prejudicar os outros e o equilíbrio final do conjunto, o que significaria prejudicar a si mesmo, já que, queira ou não, o homem faz parte do conjunto. E, o mais importante, cada ser humano deveria ser guardião da integridade da infraestrutura ambiental e dos serviços ambientais essenciais, para que seus esforços possam render muitos frutos, e para que nossos descendentes tenham condições de vida e de trabalho como nós tivemos.

Com base nessas premissas, vislumbra-se claramente o que a educação ambiental deve priorizar para o desenvolvimento rural, quanto a técnicas agrícolas sugeridas ou difundidas. O leitor já deve ter vislumbrado as soluções, estão evidentes. Esse mesmo tema poderá ser transmitido para a população urbana, para que ela seja sensibilizada de que o desenvolvimento de um ambiente rural saudável é garantia para a sustentabilidade do ambiente urbano adjacente, para que não lhe falte alimentos, água e energia. Verificou-se que a escala de manejo da propriedade rural, com seus ambientes naturais, urbanizado e agrícola, pode ser considerada semelhante ao de uma residência urbana (ambiente urbano) com quintal, contendo pomar ou árvores (ambiente natural clímax) e horta (ambiente agrícola-lavoura), e jardim, com gramado (ambiente agrícola-pastagem). A produção de lixos e esgotos, a necessidade de controle de parasitas e enfermidades e o uso de venenos (das plantas, dos animais, ou para combater baratas, pernilongos e moscas; em lugar de se usar o chinelo ou o mata-moscas, ocasião em que se faria exercício físico e ajudaria a manter o corpo em forma), a emissão de gases e fumaça pela queimada de folhas secas (ou churrascadas), a impermeabilização do solo (por cimentado, asfaltamento ou pisoteio da terra), o aquecimento do ar quando se reduz a área verde e se amplia a área cimentada, o chão batido ou as paredes refletoras de calor, a redução da umidade relativa do ar (reduz com o aumento da temperatura, e mais ainda se não houver plantas que ao transpirar umidificam o ar), a necessidade de uso de condicionador de ar, com gastos de energia, e gastos de água para baixar o pó e a fuligem visíveis no cimentado, o escoamento de água das chuvas para a rua por causa da impermeabilização do solo (chão batido ou cimentado), provocando enchentes na baixada, e como essa água que escorre não vai repor a água do lençol freático e vai faltar na seca, agravando-a, e outros. A eliminação das áreas verdes aumenta o calor e reduz a umidade relativa do ar. A infraestrutura ambiental para qualidade de vida seria a mesma, facilitando a argumentação de conscientização para um manejo ambiental de forma correta, utilizando elementos de referência domésticos.

Como levar essas práticas ambientais para os agricultores e os técnicos com educação ambiental integrada?

Os agricultores devem ser sensibilizados, estimulados e motivados a se mobilizarem e a se organizarem, de preferência no nível de bacia hidrográfica, no sentido de conhecerem a função de cada elemento natural (compartimentos ambientais), a interdependência entre eles e a necessidade de preservá-los de forma integrada, pois a destruição de um deles colocará em risco os outros, como num mecanismo de relógio, ou como na mecânica de um veículo. E também sobre a importância da participação de cada agricultor e técnico de extensão na recuperação e preservação ambiental, pois o ser humano consciente é quem pode reverter o processo de destruição de todas as espécies, de destruição da criação e da vida, cuja administração foi originalmente confiada a nós.

Mobilizando-os a agirem em suas lavouras, pastagens, reflorestamentos, criações, pomares, hortas, tanques de pesca, enfim, em tudo que fazem no seu dia a dia, tendo em mente o perfeito equilíbrio existente na natureza ou com o mesmo espírito (de parceria, cooperação, ajuda mútua, conservação, preservação, recuperação) encontrado entre a luz e o calor do sol, o ar, a água, o solo, a vegetação e os animais, e principalmente entre eles mesmos e todos os demais segmentos da sociedade. O ambiente é um só, tanto para o presidente da República como para os pedintes de rua. Quando enxergarmos isso e o impacto que essas diferenças sociais causam, diminuiremos essas diferenças e com certeza refaremos o ambiente. Ao plantarmos uma semente de milho, alface, pinhão, jatobá, pínus ou eucalipto, ao criarmos capivara, galinha ou peixe, ao fazermos uma pastagem para gado, búfalo ou cavalo, ao instalarmos e recuperarmos uma área de mineração de granito, ao construirmos uma estrada ou uma barragem, ao edificarmos uma cidade, ao recuperarmos uma área de floresta ciliar degradada, teremos que estar simultaneamente conservando água, purificando o ar, protegendo, conservando e recuperando o solo, garantindo os trânsitos de espécies (fluxos gênicos) vegetais e animais de um lugar a outro (estabelecendo as matas ciliares e os corredores ecológicos entre as reservas legais), fazendo dos seres humanos grandes aliados do ambiente e, dessa forma, de si mesmos. Com esse pensamento, sentimento e ação, estaremos real e efetivamente fazendo educação ambiental integrada e vivendo de modo integrado com um ambiente de qualidade, gerando qualidade de vida.

Os seres humanos devem resgatar em si uma maneira de atuar no ambiente como um todo, comunitário (não individualista), de forma a não quebrar os ciclos naturais. O homem do campo deve passar a ter mais orgulho do que faz, pois sua atividade correta e produtiva permite o bem-estar e sobrevivência de si mesmo, de sua família, da comunidade e das cidades.

Atualmente estamos encurtando o ciclo da água pela destruição dos solos e das matas, estamos sobrecarregando o ciclo do carbono que está acusando uma tendência para a liberação exagerada de carbono (CO2, gás de efeito estufa, gerado nas queimadas de restos de cultura, de pastagens e de florestas, queima de combustíveis, aração do solo, uso de calcário) para a atmosfera, com muito pouca fixação pela fotossíntese, pela produção de plantas e árvores; estamos destruindo os solos (compactando e erodindo), cuja taxa de perda é maior que a taxa de formação (gênese); estamos destruindo os refúgios de insetos polinizadores (vitais para a produção de diversas culturas) e de inimigos naturais de pragas e doenças; estamos alterando o clima local e global, que se torna mais quente e seco; e com tudo isso estamos reduzindo a capacidade de suporte ou de produção dos solos, o que resulta em baixa eficiência dos insumos utilizados. Até mesmo da irrigação. Pelo exposto acima, acredita-se que deu para entender onde está o problema, e o que deve ser feito para evitar todos esses problemas. A solução está na reconstrução e manutenção da infraestrutura ambiental e dos serviços ambientais essenciais, e que inclui a inclusão social.

Em primeiro lugar deve-se repassar e fazer entender os princípios ecológicos que garantem a produção ótima de biomassa vegetal. Conservar água residente (aumentando o ciclo da água), manter solo permeável, protegido por vegetação permanente diversificada (melhorando o ciclo do carbono). Esse é o segredo. Essa diversificação pode reduzir quando se uniformiza a fertilidade do solo por meio do aporte de adubos. E isso pode prejudicar a ocorrência de uma diversidade maior de inimigos naturais e a possibilidade de maior produção de biomassa vegetal por unidade de área.

Assim, todas as práticas mecânicas de conservação de água e solo são recomendáveis. E, veja, antes de se pensar em instalar algum sistema de irrigação, alguns manejos ambientais necessitariam ser realizados para otimizar o resultado dos insumos. Isso porque o processo da irrigação agrícola constitui o maior consumidor de água no mundo, e no Brasil pode chegar a 60% do consumo total.

Com a degradação do solo e do mesoclima, aumenta-se a demanda por água e reduz-se a oferta. Assim, antes de se planejar o estabelecimento de um sistema de irrigação, deveriam ser tomadas diversas práticas agrícolas de manejo ambiental que aumentem o armazenamento e reduzam as perdas de água das chuvas: a) cobertura morta pode reduzir o gasto de água e de energia elétrica em até 50%; b) os quebra-ventos podem reduzir a perda de água por intensificação da evapotranspiração por brisas e ventos em até 70%, ou, em certos casos, o equivalente a 700 mm de chuva c) eliminar barreiras ao desenvolvimento radicular em profundidade – como compactações, toxidez de alumínio, salinidade, falta de cálcio e/ou de boro, insetos, patógenos e efeito de herbicidas – permitirá às raízes encontrar água em maior profundidade e aumentar a proporção de raízes para atender a área foliar transpirante, permitirá à planta passar mais facilmente por veranicos e períodos secos, em solos profundos; d) aumentar material orgânico no solo, melhorando a capacidade de armazenamento; e) impedir o aquecimento do solo de modo que as raízes realizem a extração da água do solo mesmo no ponto de murcha permanente (com água quente a planta não consegue extrair água; utilizando cobertura morta ou restos de cultura ou de invasoras na época seca do ano, ou viva, que pode ser de invasoras ou culturas intercalares, na época das chuvas); f) nutrir as plantas de forma equilibrada aumenta a eficiência de uso de água; g) plantar de forma estratégica faixas vegetadas e/ou bosques hidrotermorreguladores, para ampliar a umidade relativa do ar; h) realizar práticas de conservação de água, com permeabilização do solo e sua proteção, para permitir a infiltração e a reposição do lençol freático. Somente com todas essas práticas planejadas e executadas a irrigação terá sucesso e grande retorno econômico. Você teve alguma experiência que confirma isso? Então, acredite e faça! Realize a recuperação e conservação da propriedade a partir das áreas melhores, mais conservadas. Comece com pequenas áreas para aprender a dominar o processo. Você consegue visualizar, então, que é preciso de camada grossa de restos de cultura para o Sistema Plantio Direto ter sucesso? No mínimo 6 t ha-1 e no máximo de 10 t ha-1 a 12 t ha-1 de matéria seca de alguma gramínea. Que a rotação de culturas é importante? Que a aração e a queimada devem ser reduzidas ao máximo ou evitadas, de preferência? Que precisa plantar árvores, em linha ou em faixas ou em bosques? Que precisa evitar os ventos? Que precisa evitar que a terra esquente?

Saibam que as plantas também se alimentam de minerais, e que, nos sistemas de produção, um dos alimentos mais importantes é o nitrogênio. Portanto, para recuperar áreas degradadas é aconselhável utilizar leguminosas fixadoras de nitrogênio do ar, de preferência arbóreas (inoculadas com rizóbios e micorrizas, e adubadas com um pouco de fósforo e cálcio + magnésio), que se encarregam de fixar o carbono. Sem nitrogênio nenhuma planta fixa carbono (CO2). Seria assim: deve-se pensar num corretor de acidez, um “antiácido” na forma de carbonato (calcário, filler, ostras moídas, cascas de ovo), silicato, óxido (cal virgem), hidróxido (cal apagada). Feito isso, vem o N (nitrogênio; adubos verdes, adubos orgânicos, urina de animais, adubos nitrogenados, fezes de animais, como o salitre do Chile, e outros; seria o “bife”, o “peixe”, a “caça”), o P (fósforo – do fosfato, não o do palito, que deve ser evitado; rocha fosfatada, farinha de ossos, adubos fosfatados, fosfato bicálcico; seria o “feijão”), o K (potássio; cinzas em geral, adubo potássico como cloreto ou sulfato de potássio; seria o “arroz”), o Ca (cálcio; calcário, farinha de ossos, casca de ovos; o “leite”), o Mg (magnésio; calcários dolomíticos; seriam as “folhas verdes”), os sais minerais e as vitaminas (sal, sal mineral, micronutrientes – cobre, zinco, ferro, manganês, cobalto, selênio, iodo, e outros; seriam as “frutas, verduras, nozes e castanhas”), o material orgânico (para dar funcionalidade ao trato digestivo; seriam as “fibras”), e outros.

Com essa lista de premissas pode-se avaliar se atividades como calagem ou uso de boro seriam suficientes; ou se o Sistema Plantio Direto na palha está adequado ou necessita ser complementado pelo componente arbóreo para reduzir a ação de ventos, e para aumentar a umidade relativa do ar; se a integração lavoura-pecuária e o manejo rotacionado intensivo de pastagens da forma como são difundidos são suficientes ou necessitam de ajustes regionais e locais. Ou se há necessidade de se aliar todos esses sistemas num híbrido com o componente arbóreo, gerando sistemas agroflorestais ou silvipastoris.

De forma complementar ao que a legislação ambiental e florestal exige, para conservar as áreas de preservação permanente, verifica-se, pelo exposto anteriormente, que deveria haver um estabelecimento estratégico complementar de espécies arbóreas, para resultar em serviços ambientais de umidificação do ar, de redução de temperatura e de maior conservação de água, oferta de sombra, e de refúgio de polinizadores e de inimigos naturais de parasitas e patógenos, a fim de beneficiar as lavouras e as criações, e aumentar a eficiência dos insumos externos utilizados. E devemos ressaltar a maior eficiência de um dos importantes insumos nesse contexto todo: o ser humano. E do vínculo que existe entre os elementos naturais, que fazem dessa parceria a mola mestra para a manutenção da existência da vida, em suas mais diferentes formas e belezas, no planeta. O ser humano deveria repensar sua posição e participação nessa parceria. Se este estiver integrado ao ambiente, entender as normas e os processos que regem a natureza e a importância da mesma, perceberá os resultados em produtividade do sistema de produção ao longo de um ano, em qualidade da produção, ao ver que seus esforços geram resultados concretos (renda), notará que sua eficiência e sua satisfação serão triplicadas. A tecnologia, sem considerar as normas da natureza, leva ao fracasso, resulta em famílias de agricultores que passam fome porque não conseguiram ganhar dinheiro para comprar comida. Quando as normas estabelecidas pela própria natureza são respeitadas, a resposta se dá naturalmente (a produção de plantas e animais ocorre em solo permeável e arejado, rico em material orgânico originado de uma cobertura vegetal diversificada, e com o lençol freático abastecido com água das chuvas), e o uso da tecnologia de forma organizada, racional e controlada em geral trará grandes resultados, em especial quando se necessita compensar pouca terra por maiores produtividades.

Além dos conhecimentos ecológicos, o agricultor deve se capacitar em contabilidade, controlando entradas e gastos, controlando os índices técnicos, ou seja, saber quanto realmente produziu por área, quanto gastou de materiais e horas de máquina, e quanto tempo trabalhou, não aproximadamente. Deve saber descartar coisas e atividades que não tragam resultados positivos. Assim, deve descartar animais que não estão produzindo por aqueles que produzem e respondem em produção pelo melhor trato; deve desfazer-se dos entulhos e ferros-velhos, e com isso financiar, entre outras coisas, análises de solo para poder controlar melhor a necessidade de corretivo e de adubos, mesmo os orgânicos. O produtor deve, ainda, associar-se com outros companheiros para realizar atividades em mutirão, compras e vendas em conjunto. Devem procurar junto às associações de classe e prefeituras por um local em que possam vender seus produtos diretamente aos consumidores, e com isso fortalecer a infraestrutura municipal de produção de alimentos e de água. De água? Sim, solos permeáveis, que permitem a reposição e a recarga de água dos lençóis freáticos que vão alimentar as nascentes e os poços, são considerados atividades de produção de água. Quando a água escoa superficialmente porque o solo estava impermeabilizado, mesmo que somente por uma fina crosta de terra, provocando enchentes, essa água não vai atender, não vai estar ali, armazenada, na época da seca. Solo impermeabilizado só traz prejuízos.

Na Embrapa Pecuária Sudeste (outras Unidades da Embrapa têm seus métodos de sucesso específicos que podem encaixar e viabilizar seus projetos), existe um projeto de inclusão social de produtores familiares com 1 ha a 50 ha de terras, promovendo sistemas intensivos de produção de leite, utilizando pastagens de forrageiras tropicais. Esses produtores, ao serem capacitados administrativa e tecnicamente e se associarem e receberem orientação do extensionista, se veem que seu trabalho agora mais organizado e orientado traz retornos econômicos, ficam exultantes, atraindo até a volta dos filhos, que foram à cidade procurar seu futuro longe do “paraíso de urubus”, longe das propriedades em que os homens e animais mais morrem que produzem, as produções mais empobrecem que enriquecem. Pessoas que estavam no umbral da exclusão, que viviam exclusivamente de bicos na cidade, voltam a ser incluídos economicamente, aumentando sua autoestima como vencedores e como modelos de sistemas de produção eficientes e ambientalmente benéficos. Os pilares desse sucesso são: capacitação do agricultor para atender às normas da natureza e fazer seu caixa (entradas e saídas), fazer anotação de seus índices agronômicos e zootécnicos, fazendo capital inicial com ação de 5S (seleção/utilização, organização, limpeza, saúde, autodisciplina) em sua propriedade, em seus pertences, eliminando animais improdutivos, entulhos e ferros-velhos, melhorando sua capacitação técnica, com sensibilização em visitas de campo, e vontade de trabalhar. Muita vontade de trabalhar, muita vontade de vencer, muita confiança em si, na família, no extensionista e na natureza. Ao melhorar o solo, melhora também a conservação da água, refazendo matas ciliares e plantando bosques de sombra e de vaporização de água, quebra-ventos, preservando a fauna, etc. Um fator importante para obter sucesso na questão ambiental é observar a natureza, aprender com ela, aprender a como restabelecer a infraestrutura ambiental e os serviços ambientais essenciais. Por exemplo: a natureza recicla e reutiliza tudo o que produz, e não acumula lixo. Restabelecer a infraestrutura ambiental para o ambiente produzir, assim como a natureza nos ensina, quando recupera áreas degradadas, improdutivas. Com que ferramentas? Puxem da memória, ou observem melhor a natureza. E boa sorte! Existem pessoas que podem ajudá-los nesse intento, nos órgãos de pesquisa como a Embrapa, nos órgãos de pesquisa estaduais, nos serviços de extensão, nas propriedades rurais que já realizaram as pazes com a natureza e que se tornaram guardiãs de todos os ambientes integrados.

Considerações finais

Jamais se deve desistir de promover mudanças no plano socioeconômico, político e ambiental que possam melhorar a qualidade de vida no planeta, e, consequentemente, a sua.

Deve-se investir na educação ambiental, pois educar ambientalmente é mover o ser humano a reciclar idéias e conceitos, adotando novos valores ou resgatando alguns já esquecidos, e assumir uma postura respeitosa, participativa e ambientalmente correta perante a vida.

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