RENDIMENTO DE GRÃOS SECOS DE CULTIVARES DE MILHO NO MEIO-NORTE BRASILEIRO
Trabalho financiado com recursos do Convênio Embrapa/Banco do Nordeste

Milton José Cardoso1, Hélio Wilson Lemos de Carvalho2, Maria de Lourdes da Silva Leal2, Antonio Carlos de Oliveira 3, Manoel Xavier dos Santos3 e Renato Campbel Rocha4
1 Embrapa Meio Norte, C.P. 01, Teresina, PI, E-mail: mailto:milton@cpamn.emparn.br,
2Embrapa Tabuleiros Costeiros, C.P. 44, Aracaju, SE
3Embrapa Milho e Sorgo, C.P. 151, Sete Lagoas, MG
4MERCK S.A. (Barra do Corda, MA)

No Meio-Norte do Brasil, a estimativa da área colhida com milho no ano agrícola de 1999/2000 foi de 605.860 ha, com uma produção de 710.422 t e um rendimento médio de 1173 kg/ha (Agrianual. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio. 532 p. 2000). Estes dados torna o milho uma cultura de grande destaque no panorama agrícola da Região exercendo uma larga importância econômica e social constituindo o principal energético na alimentação dos animais além de ser fixadora de mão-de-obra.

O produtor de milho, especialmente de variedades, na sua maior parte não dispõe de recursos próprios para investir em tecnologias de produção. Dentre as tecnologias importantes e eficientes para aumentar a produtividade da cultura, destaca-se o uso de variedades e híbridos adaptados.

Diversos trabalhos realizados no Nordeste brasileiro têm mostrado a potencialidade das variedades e dos híbridos melhorados nos sistemas de produção da agricultura familiar - variedades e dos sistemas agrícolas de alta tecnologia - híbridos (Cardoso et al. Revista Científica Rural. v.2, n.1, p.35-44, 1997; Carvalho et al. Revista Científica Rural. v.3, n.2, p.27-36, 1998; Revista Científica Rural. v.3, n.2, p.20-26, 1998; Carvalho et al. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.34, n.9, p.1581-1591.1999; Carvalho et al. Revista Científica Rural, Bagé, v.4, n.1, p.35-46, 1999; Monteiro et al. Revista Científica Rural, Bagé, v.3, n.2, p.01-10, 1998; Cardoso et al. In: Congresso Brasileiro de Milho e Sorgo Anais... Uberlâdia: ABMS/Embrapa Milho e Sorgo/UFU. CD ROOM; Cardoso et al. In: Enconrto de Genética do Nordeste. Resumos... Fortaleza: Embrapa Agroindústria/UFC. p.68. 2000).

Esse trabalho visa avaliar o comportamento de diferentes cultivares de milho, para indicativo de recomendação, daquelas que melhor se adaptarem às condições edofoclimáticas do Meio-Norte do Brasil. Foram avaliados 36 materiais, em blocos ao acaso com três repetições em seis locais: Teresina, Parnaíba, Rio Grande do Piauí (RGPiauí) e Guadalupe (Guadal) no Estado do Piauí e Anapurus e Barra do Corda (BarCorda) no Estado do Maranhão.

As cultivares mostraram diferenças significativas nos seus rendimentos, em todos os locais, encontrando-se uma variação ao nível de local de 2604 kg.ha-1 (Barra do Corda) a 10934 kg.ha-1 (Teresina). Na análise conjunta a média geral foi de 5866 kg/ha (Tabela 1), evidenciando comportamento inconsistente das cultivares face às variações ambientais.

Tabela 1. Análise por local e conjunta do rendimento de grãos secos de milho no Meio-Norte do Brasil. Ano agrícola de 1999/2000

Cultivar

Teresina

Parnaíba

RGPiauí

Guadal.

Anapurus

BarCorda

Conjunta

BR5033

8708

4650

7083

4188

4467

6129

5871

BE5028

7125

5765

6458

4471

5979

4438

5706

BR5011

7958

5888

6438

4458

5375

5271

5898

CMS52

6071

5446

5729

3708

5583

4000

5090

CMS453

7917

5550

5875

4313

4625

4187

5411

CMS47

5542

5454

5479

3883

3833

2604

4466

BR5039

9038

6929

6896

5292

6096

5146

6566

BR5037

7708

4913

5875

4188

5125

4104

5319

CMS35

6167

5217

5396

3625

4613

3417

4739

BR106

7213

6279

5483

4221

5008

5063

5544

CMS50

7517

6273

5479

3458

5229

5521

5580

CMS59

9084

6144

6417

3958

5271

4875

5958

BR473

5833

4535

5500

4083

4729

3542

4704

BOZ68

8521

6244

6208

3271

4729

4167

5523

SDURO

6354

5669

5792

3313

5708

4229

5177

SDENT

7492

6252

5708

4104

5479

5083

5687

GUAT209

5400

4265

4604

3271

5458

2938

4323

SARACU

6233

5482

5417

3667

5067

5063

5155

AL34

8542

6934

6417

4354

5458

4021

5954

AL25

8896

7067

7208

4313

6229

4958

6445

AL30

8471

7206

7146

4125

6500

3833

6214

ALMAND

6625

6229

5833

4221

5020

4146

5346

SHS8447

8583

7163

6646

3746

6229

5000

6228

BR206

8979

6855

7646

4542

5417

4063

6250

BRS2110

7938

5840

6813

3875

5813

3500

5630

P3041

10042

8463

8125

4979

6583

5917

7351

P3021

8863

7981

8667

5063

6479

5333

7064

P3027

9833

7181

7063

4542

5917

3875

6402

AGM2003

9250

6942

6688

3917

5750

4292

6140

Arom3100

8583

7121

7104

4021

5854

4583

6211

AG5011

10934

7933

6917

5333

6563

5354

7173

AG3010

9292

6608

5813

4446

5979

4354

6082

C929

8563

7069

7271

4438

7167

5021

6588

C444

8475

7754

6708

4438

7096

5063

6589

Z85011

9438

7425

6688

4133

6792

5375

6689

A2288

6938

7142

7146

4150

6738

4292

6099

CV%

17,1

8,4

12,7

15,5

16,2

17,3

15,1

MÉDIA

8004

6385

6437

4183

5660

4521

5866

Tukey5%

4464,8

1750,6

2682,7

2133,2

3003,0

2560,7

1402,8

F(C)

**

**

**

*

**

**

F(CxL)

**

** (P<0,01); * (P<0,05)

Na análise conjunta treze híbridos e sete variedades produziram acima da média geral , sobressaindo os híbridos Ag 5011 (7173 kg.ha-1), P 3041 (7351 kg.ha-1), P 3021 (7064 kg.ha-1), Z 85011 (6689 kg.ha-1) e as variedades AL 25 (6445 kg.ha-1), BR 5039 (6566 kg.ha-1), AL 30 (6214 kg.ha-1), AL 34 (5954 kg.ha-1), CMS 59 (5958 kg.ha-1), BR 5011 (5898 kg.ha-1) podendo estes materiais servirem de subsidio para fins de recomendações para a Região.

Os componentes de produção que mais contribuíram para diferenciar os híbridos das variedades foram peso de grãos por espiga, número de grãos por espiga e peso de cem grãos (Tabela 2). Em média os híbridos produziram mais grãos (17,8 %) em relação as variedades.

Tabela 2. Características agronômicas de híbrido e variedade de milho no Meio-Norte do Brasil. Ano agrícola de 1999/2000.

Cultivar

PD
(dia)

PESP
(g)

NESP

PCG
(g)

IESP

RG
(kg/ha)

APL
(cm)

AESP
(cm)

NP
(8 m^2)

Híbrido

53

143

422

34

1,06

6464

203

94

41

Variedade

47

112

218

29

1,01

5485

212

102

40

PD=pendoamento; PESP=peso de espiga; NESP=número de grãos por espiga; PCG=peso de cem grãos; IESP=Índice de espiga; RG=rendimento de grãos; APL=altura de planta; AESP=altura de espiga; NP=número de plantas